Detectives Selvagens 0 - Julho 2014 | Page 92

HUGO PROENÇA enlatada e hidrofilizada, sugada, insuflada, uma valente banhada e uma carrego de fome. A pena de uma águia xamânicamente transportada, descendo uma trepadeira, nos cumes das nuvens, nas árvores nebulosas do Sul. Travessa de binóculos sem presunção, pastel de lama de trincheira e dois tiros de salva, porque o rei manda, e toca a banda. Banda não incluída, talvez mais tarde, outra batida. Dioptrias escaladas em girassol flan. Rabecas laminadas e caramelizadas em carrossel d’elefantíases morais sazonais. Tártaro de berbequim, chouriço de berbigão radiactivo, um arbusto proactivo, bucho minado, vitupério estrelado. Às vezes há baratas. Acompanham bem com caracol. Uma cervejita e cai que é mole. Para quem não tem papas na língua, míngua. Pombo-correio no churrasco, privatizado, regado com molho de natas de golfinho, puré de castanhas de manhas tamanhas e jeans rasgados e desbotados, num frappé prateado, de fino design nórdico, com três pitadas de lenta menta flutuantes, enfunadas como velas, caravelas acesas num mar de espinafres assarapantados com o custo de vida. Carapaus de corrida. Cogumelos levemente salteados em brandy e vinho verde fresquinho, cuidado com o caminho, olhos de peixe em mayonaise de resina de coqueiro, falta de pinheiro, e já os povos da serra nos tinham ensinado que para comer a pedra 92