O HOMEM QUE UM DIA PAROU
organizada anualmente uma grande competição de homens
estátua em honra de Jorge Bonifácio, com o primeiro final de
um jantar com bebida à discrição na tasca de Roberto
Pescador.
A grande novidade deu-se cerca de dez anos mais tarde,
em
período
de
eleições
nacionais.
O
candidato
governamental, depois de ter tentado negociar sem sucesso o
apoio da família Bonifácio à sua casa, resolveu fazer um
comício na Praça. Ali exultou o virtuosismo daqueles que
marcam a sua posição mantendo-se imóveis e inalteráveis no
seu propósito, salientando que Jorge Bonifácio era no seu
entender um exemplo a seguir por mulheres e homens de
todo o país, que queiram fazer o seu caminho, não o
percorrendo. Boa parte dos presentes não compreendeu
minimamente o discurso mas, entusiasmados com o destaque
dado a um herói da terra e alimentados pela bem oleada
máquina partidária, irromperam num aplauso memorável,
que se tornou maior quando o candidato revelou o seu plano
de elevar Jorge Bonifácio a património nacional e, quem
sabe, ponderar a sua candidatura a património mundial. Foi
uma noite de grande frenesim, com a multidão a levar
praticamente o candidato aos ombros mas depois das
eleições, do governo central não veio qualquer benesse ou
louvor, tirando uma placa em bronze que era suposto afixar
em Jorge Bonifácio, mas como este era um ser vivo, no qual
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