SÉRGIO MAK COSTA
festas
onde
nunca
faltavam
animação,
música
e,
regularmente, desacatos devidos ao álcool. Ora, com Jorge
no meio da praça, alguma coisa tinha que ser feita para o
tirar de lá.
Perante a sua inacessibilidade ao diálogo, foi contactada
a sua família. A Junta prometeu a Maria do Carmo que não
iriam causar danos a Jorge, que iam retirá-lo com uma grua
do local, transferi-lo para uma carrinha de caixa aberta e, se
ela assim o desejasse, podiam até colocá-lo no pequeno
quintal que a família Bonifácio tinha nas traseiras. Deste
modo, Jorge Bonifácio podia continuar o seu voto de
imobilidade, sem perturbar as festas da região. Maria do
Carmo concedeu e assim começou o processo de remoção.
Vieram gruas, arquitectos, engenheiros, especialistas em
mudanças e os tradicionais opinantes populares. Mas, viesse
quem viesse, com ferramentas, técnicas e tecnologias para
todos os gostos, ninguém conseguia mover Jorge Bonifácio.
Era como se este estivesse imbuído de uma força
desconhecida que impedisse a movimentação do seu corpo.
Ele continuava ali, de olhos abertos e a respirar, sem
qualquer sinal de rigidez ou doença mas, por mais tentativas
e força que tentassem empregar, não o mexiam um
milímetro. Tiraram-se fotos, recolheram-se amostras e aí
Maria do Carmo Bonifácio já não foi tida nem achada, pois
laboratórios e farmacêuticas logo acharam forma de
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