Detectives Selvagens 0 - Julho 2014 | Page 63

OS POETAS MORREM QUANDO SE MATAM Fazer o outono de navalha no bolso A navalha, fria, faz-se ouvir mais que as palavras gritadas na boca o sangue que advir cuspido em postas sustidas porventura almas mal nutridas de letras, a fome espertina o punho do pobre à guilhotina de um país podre, nas despedidas a navalha dá grandeza à guerra que se quer dizer em palavras, parece poder de certo apenas incerteza de como crescem as crianças quando o outono deixar cair as folhas mortas e as vinganças de como crescem as crianças 63