De Pompei a Pompeia De Pompei a Pompeia - Miolo - A5 136pag | Page 29
que foi igualmente aprovado pelo poder legislativo, propunha a
clara separação dos dois poderes, temporal e espiritual.
Em 1848, Frei Eugênio voltou a trabalhar com Frei Coriolano
– segundo cartas do Frei Eugênio – nos seguintes lugares: Capi-
tuba, Capivari, Itajubá, Lugar Alegre, São Gonçalo, Campanha,
Santana de Sapucaia, Samambaia, Cabo Verde, Alfenas, Passos,
Boa Esperança, Três Pontas, Campo Belo, Uberaba e outros tantos
onde pregaram missões. Em 1855, Frei Eugênio separou-se do
Frei Coriolano. Este acompanhou o Bispo de Mariana em visita
pastoral. Frei Eugênio prosseguiu sua missão ambulante em
Bambuí, Pitangui, Araxá e, em 1856, já se achava em Uberaba,
onde realizou um verdadeiro “despertar da vida e prática cristã”.
E o inesperado aconteceu. Quatro mil fiéis pediram que Frei Eugê-
nio se fixasse junto a eles em Uberaba. Esquivou-se em aceitar o
pedido, porque não era costume o missionário permanecer onde
havia pregado missão. A Câmara Municipal, entretanto, movi-
mentou-se e conseguiu, junto ao governo e ao comissário geral
dos capuchinhos, que Frei Eugênio fizesse de Uberaba sua sede
habitual, por onde passava constantemente. Frei José de Castro-
giovanni, falando das realizações de Frei Eugênio em Uberaba,
relacionou: um grande e artístico cemitério, um hospital chamado
Santa Casa, igrejas, capelas, aquedutos, estradas, pontes, escolas.
Em Uberaba, Frei Eugênio ficou até 1871. Ocupou-se também do
trabalho de libertação (alforria) de escravos. Com apenas 59 anos,
morreu, em Uberaba, em 15 de junho de 1871.
Frei Eugênio, acusado por autoridades governamentais de
ser proprietário de imóveis, deixou escrito, em seu testamento,
cinco meses antes de seu falecimento, o seguinte: “(...) eu nunca
possuí terra nem possuo. Tenho uma pequena casa inacabada
para nossa moradia, feita com esmola pela qual o governo me faz
pagar perto de cinco cruzeiros (...) cada ano. Nunca fui proprie-
tário porque conheço as penas anexas.” Acusado por sociedades
secretas, mesmo depois de falecido, dele foi dito naquela época,
como resposta a tantas calúnias: “(...) eis o que se dirá sempre do
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