Date a Home Magazine | Mai / Jun 2014 | Page 95

a candidatura? Está otimista?

O processo de candidatura está a decorrer, sendo muito moroso, estamos a reunir documentação e um conjunto de depoimentos, vídeos, que supor-tem a candidatura do Carnaval de Torres Vedras, a património imaterial da Humanidade. Diferente de todos os outros, tem uma forte componente popular, caraterizada pela sua espontaneidade e sátira, num conjunto de práticas enraizadas nos torrienses, e nos que para cá vêm morar. Estou otimista com o processo, em que numa 1ª fase o núcleo português (Estado), aceite e aprove a can-didatura, para depois ser apresentado à Unesco. O caminho é longo, mas com muito trabalho e persistência, acredito que conseguiremos porque pensamos que os nossos argumentos são muitos validos.

Segundo um estudo o evento gera nove milhões de euros de receitas na economia local durante os seis dias de Carnaval. A região, as pessoas, os comerciantes, a hotelaria e a restauração só têm a lucrar! De que forma é que a Promotorres é res-ponsável por este feito?

Nós tínhamos a noção que o Carnaval tinha um forte efeito económico na região, assim como ao nível da comunicação, não sabíamos exatamente qual. Por isso, encomendamos esse estudo para termos uma noção mais exata do valor das receitas que gera o Carnaval para o concelho. São precisos 4 a 5 anos para repetir esses dados, e consubstan-ciar os valores. Recolhendo informação junto dos comerciantes, grupos carnavalescos e visitantes, obtemos o valor aproximado de 9 milhões de euros, de impacto económico. No ponto de vista da comunicação, esse valor representa cerca de 5 milhões de euros. O nosso compromisso consiste em dinamizar e manter a tradição do Carnaval.

O António Esteveiro chegou a dizer que “a into-lerância de ponto reverteu a favor do Carnaval, em termos de exposição mediática”; Como é que a Promotorres contorna o facto de não haver folga na terça-feira de Carnaval e o que ganharam ou perderam com isso?

Muito honestamente, “intolerância de ponto” na terça-feira de Carnaval, não influenciou a parti-cipação dos torrienses nem a vinda de visitantes ao Carnaval, porque as empresas e câmaras municipais à nossa volta, dão tolerância de ponto.

Porque é que o Carnaval de Torres é diferente de

todos? Não tem escolas de Samba, tem matra-fonas… O que o carateriza?

fonas… O que o carateriza?

O Carnaval de Torres é genuinamente português, afastando-se da influência brasileira. Os traços que o carateriza são a sátira politica e social, as-sente na espontaneidade e envolvimento popular, isso faz do Carnaval de Torres o mais português de Portugal. As matrafonas surgem no inicio do século passado. Sendo uma época de transgressão social, o acesso às mulheres era vedado aos bailes e festas, e com isso surge a necessidade de alguns homens se vestirem com roupas das avós, tias, mães, que encontravam nos baús e nos sótãos, matrafonando-se. Outro dado curioso são os sím-bolos nos cetros do rei e da rainha do Carnaval, que são um corno e um abano de fogareiro respe-tivamente, representando à época, as infideli-dades da casa real, e a pelintrice da monarquia e da família real, bem como a vida de fachada que levavam.

95

Entrevista | Arrendar Oeste Com Paixão | REGIÕES