Date a Home Magazine | Mai / Jun 2014 | Page 82

recuperassem carcaças de barcos destruídos na sequência do Tsunami que atingiu o Japão em 2011 e cujo proveito seria canalizado para a cons-trução de escolas na região. “Não consegui avan-çar com esse projeto. Era trabalho para dez anos para todos os estaleiros deste País. No Japão, diplomaticamente, estavam super interessados. Mas a logística, os custos… eram necessários mui-tos milhões para um projeto cujo objetivo não era o lucro, era dar trabalho, o que é diferente”, lamenta. Tendo ainda em mente o potencial dos estaleiros nacionais criou a Papillon Complete Yacht Excellence, empresa que tem por missão “posicionar Portugal como um Shippyard Country e conquistar 1% dos quatro mil barcos que por cá passam.

As últimas odisseias marítimas deste atleta e em-presário têm envolvido patrocínios, apoios, mar-cas. Só assim são exequíveis. Mas no caminho para a atual bonança houve muitas pedras que Ricardo, à maneira Pessoana, foi recolhendo para construir o seu castelo. Nas palestras motivacionais em empresas, escolas e universidades costuma dizer que “a bola está sempre do nosso lado” e que “devemos agir com o que temos, sem nos concen-tramos no que não temos”. Não fala de cor. Hoje trata por tu a incerteza e a instabilidade, a gestão da pressão e o stress financeiro, mas nem sempre assim foi.

Remontemos a 1998, o ano da Expo e de todas as quimeras de Ricardo. Desde os cinco anos que residia em Londres com o pai, jornalista na secção portuguesa da BBC, e era na capital britânica que furava o controlo de entradas para os boat shows. “Andava por lá todos os dias a picar as várias em-presas que faziam materiais para barcos para con-seguir preços mais baratos”, recorda. Por essa al-tura, já havia trabalhado em limpeza de barcos, percebia de alguma mecânica e carpintaria e, sem-pre que possível, oficiava como skipper no trans-porte de embarcações. Lia muito e de uma coisa sabia: em setembro desse ano ia ser lançada a 1ª

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