Date a Home Magazine | Mai / Jun 2014 | Page 80

o momento em que esta edição da bpm’s sai pa-ra os escaparates digitais, Ricardo Diniz estará já a cruzar o oceano Atlântico, rumo a Salvador da Bahia, numa missão que tem por objetivo mais mediático a entrega de uma mensagem de incen-tivo, em nome do País, ao capitão da seleção nacio-nal no Campeonato Mundial de Futebol. Não é o futebol que o move. Não é pelo ‘desporto-rei’ que terá de dormir com intermitências de 15 minutos, a cada quatro horas, durante 45 dias seguidos, erguer velas de 23 metros, atravessar a linha do Equador e fazer face a todos os imponderáveis numa viagem desta natureza. O oceano não será um companheiro plácido e os dias não serão idíli-cos ou aventureiros como numa fábula de Corto Maltese.

A visão de Ricardo Diniz é de longo alcance. Avista a concretização de um objetivo pessoal que per-segue desde que o instinto de viver do mar o atin-giu, era ainda miúdo. Ricardo quer dar a volta ao mundo num veleiro, em solitário. Luta há anos e anos por isso e ainda não conseguiu. Este é um caminho de endurance até essa grande prova. Mo-ve-o também um elevado sentido de Portugali-dade. Quando o ouvimos dizer ‘Portugal’, o País soa outro. Esse outro tem fronteiras delineadas pela Zona Económica Exclusiva (ZEE), 20 vezes maior do que o seu território, tem um dos raros portos europeus de águas profundas, o de Sines, tem ilhas situadas em sítios que dão “imenso jeito”. Tem tudo para dar certo. Ricardo não anda atrás do discurso político associado ao mar, tão em voga. Nesse campeonato já ele combate há dé-cadas. Voltemos à Portugalidade: Há dois anos circum-navegou a ZEE, alertando para um “enorme potencial por explorar”. Em 2006, 80º aniversário da Rainha Isabel II de Inglaterra e do aniversário da região demarcada do Douro, foi à vela até Inglaterra onde, no palácio de Buckingham, entre-gou, em mão, a sua majestade, uma garrafa de Porto. No mesmo ano fez o trajeto entre Lisboa e Dakar, por mar, enquanto decorria o rali entre as duas cidades. Foi o impulsionador da Portugal Ocean Race e tentou que os estaleiros portugueses recuperassem carcaças de barcos

TEXTO de ANA JORGE | FOTOS DE ANA AMORIM

Hi, I’m Ricardo, from Portugal” é o seu desbloqueador de conversa, seja nu-ma palestra ou num contato empresarial. Ricardo Diniz, navegador solitário, 37 anos, é a reencarnação dos exploradores quinhentistas, tão perseverante e resiliente quanto eles. Com mais tecnologia e mais marketing do que Cabral, mas também com mais de quatro mil ‘nãos’ arrolados, navega so-zinho, até ao Brasil, para entregar uma mensagem ao capitão da seleção no mundial de futebol.

REPORTAGEM | Personalidades | Pessoas Incríveis Não Surgem Por Acaso

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