Date a Home Magazine | Mai / Jun 2014 | Page 41

Caro leitor(a),

Sê bem-vindo(a) a mais uma inflexão no mundo da força do inconsciente na escolha da nossa casa.

Na segunda e anterior edição da crónica ‘O Doctor B Explica’, falei-lhe de que nós – enquanto seres humanos – tendemos a procurar casas que nos trans-mitam uma sensação de conforto e segurança. Ex-pliquei também que essa necessidade acompanha-nos desde os primórdios; que emana da luta do Homem pela sua sobrevivência. Com efeito, esta ideia corrobora a teoria de que existem vestígios da civilização primitiva também ao nível do nosso inconsciente coletivo. Não obstante a este facto, também não é menos verdade de que a casa que nós escolhemos e/ou construímos é sempre uma es-pécie de imagem ou retrato da nossa psique - vulgo vida psicológica -, isto é, da nossa situação consci-ente de então, embora com elementos inconscien-tes. Na verdade, podemos até falar numa espécie de “casa onírica” na qual reside o nosso processo de desenvolvimento psíquico.

Exatamente como uma cidade ou um santuário, a casa é dotada de um determinado simbolismo cosmológico ou até ritual. Esta é a razão pela qual o facto de nos estabelecermos em certa casa, num determinado lugar, é uma decisão séria, uma vez que envolve a existência de cada um de nós enquanto seres humanos. Em suma, quando escolhe uma casa, está a criar o seu próprio mundo e tem a grande res-

A casa não é um objeto. A casa não é uma máquina dentro da qual se vive.

Gaston Bachelard

A FORÇA DO INCONSCIENTE

NA ESCOLHA DA NOSSA CASA

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bpm's O Doctor B Explica | CRÓNICA

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ponsabilidade de conservá-lo e renová-lo, pois está a fazê-lo a si próprio(a). A casa é um Universo que o homem constrói para si mesmo. Aqui subjaz a ideia de Bachelard quando afirma que a casa não é um objeto nem uma máquina dentro da qual se vive. Na verdade, a casa é um local de reconstrução do nosso Ego ferido no quotidiano.

Encontramo-nos na próxima edição.

Um abraço,

Dr. Bruno Fernandes

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