Date a Home Magazine | Mai / Jun 2014 | Page 18

larinos, o palco. E cantava mas sem prestar atenção a isso. Sabia que tinha boa voz e as pessoas adora-vam ouvir-me mas estava mais focado na dança. Mais tarde comecei a despertar e a pensar que, afinal, havia aqui qualquer coisa especial”.

A verdade é que Nuno Guerreiro tem um verda-deiro dom. Uma voz de contra-tenor única que lhe permite entrar em vários registos. E á medida que o jantar no Avenue avança sente-se em cada pa-lavra a paixão que Nuno tem pela sua vida e por tudo aquilo que faz. Transpira arte, música e a sua história está repleta de encontros e casualidades tão bonitas como aquela que o levou a cantar pro-fissionalmente.

“A minha grande oportunidade como cantor surge quando ainda estava no Conservatório e cantava com os Diva. A Natália (Casanova), a vocalista, foi convidada a participar num concerto do Carlos Paredes e desafiou-me a assistir ao ensaio. E quan-do ela estava a cantar as “Cantigas de Maio” veio ter comigo, comecei a cantar com ela e o mestre que estava com a banda de repente manda parar tudo e pergunta de quem era aquela voz. Foi um dos momentos mais ansiosos da minha vida, tre-mia imenso, a Natália apresentou-me e quando dei por mim estava no palco”.

Este momento marca mais uma viragem na vida de Nuno. Convidado para cantar no concerto de Carlos Paredes, teve o privilégio de começar logo a trabalhar com alguns dos maiores nomes da música em Portugal. Músicos e cantores que elogia genuinamente como o próprio Carlos Paredes, Sara Tavares, Dulce Pontes, Carlos do Carmo, Teresa Salgueiro, entre outros a quem juntou a sua voz.

Mas há quem se destaque. Amália Rodrigues é um dos seus maiores ídolos e, mais uma vez, o destino está atento e Nuno tem a oportunidade de cantar para a Diva do Fado.

“Ouvia fado ainda na barriga da minha mãe, prin-cipalmente Amália. Será sempre a grande Diva não querendo dizer que hoje não existam bons can-tores de fado. Mas tive de fato a sorte de cantar olhos nos olhos para a Amália. Com apenas 17 anos cantei o “Ai Mouraria” e mais tarde já como vocalista dos Ala dos Namorados voltei a reencontrá-la”.

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“...foi um choque porque comecei a sentir a pressão. Estive até para desistir..."