Date a Home Magazine | Mai / Jun 2014 | Page 17

"A minha grande paixão sempre foi o palco, cantar e dançar”. É assim que Nuno Guerreiro inicia uma con-versa intimista, repleta de pequenos detalhes, con-fidências e sonhos. A noite começa com um brinde à vida e a tudo aquilo que nela está implícito, o amor, o caminho escolhido, pessoal e profissional, os ami-gos e a família. Yvette e João bebem cada palavra à medida que soltam perguntas. Nascido no Algarve, Nuno veio tentar a sua sorte em Lisboa com apenas 15 anos. A música, a arte, a dança sempre fizeram par-te do seu quotidiano. Sensível, de alma transparente e divertido, chega à capital para dançar.

Terá sido esta uma decisão difícil, pergunta Yvette. E Nuno responde de forma clara “deixar a família com 15 anos foi difícil mas vir perseguir o sonho, não. Sa-bia que para seguir carreira teria de deixar o Algarve e uma das minhas maiores lutas, hoje em dia, é que haja uma escola de artes no Algarve. Tenho trabalha-do intensamente nisso para que todos os jovens possam ter uma oportunidade”.

O sonho, esse, acabou por se tornar realidade. Depois de vários anos no Conservatório, Nuno torna-se bai-larino. Bemvindo Fonseca é um dos seus ídolos.”Foi meu professor, um homem pacato mas um bicho de palco. Muitos bailarinos de primeira e reconhecidos hoje foram meus colegas no Conservatório”.

O Nuno que conhecemos é músico e seria suposto que tivesse iniciado a carreira pela voz e não pela dan-ça. “Sim, é verdade mas na altura a minha paixão era a dança. E um bailarino tem uma vida curta e dura com muitas horas de treino. Lembro-me bem desses tem-pos em que acordava muito cedo para treinar. Dancei, ainda, durante 4 ou 5 anos até ter de parar devido à hérnia discal”. E aqui está o primeiro grande desgosto do agora cantor.

Parar de dançar marcou profundamente o percurso de Nuno Guerreiro. Mas e a música? Onde começa esta vida de cantor? E João está curioso para saber se Nuno ainda se recorda de quando começou a cantar.

“Canto desde sempre, com dois ou três anos já can-tava de tudo, recorda-me muitas vezes a minha mãe. Sempre adorei este mundo artístico, as luzes, os bai- bailarinos, o palco. E cantava mas sem prestar atenção a isso. Sabia que tinha boa voz e as pessoas adoravam ouvir-me mas

“Canto desde sempre, com dois ou três anos já cantava de tudo..."

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Conversas à mesa são sempre interessantes. Tornam-se descontraídas, as palavras misturam-se com os cheiros e sabores, o vinho embala a noite e soltam-se gargalhadas. Foi no elegante e sóbrio restaurante Avenue, com vista para a Avenida mais emblemática da cidade, a convite de Yvette e João e por vontade de Deus, que o músico Nuno Guerreiro abriu o livro da sua vida e deu a conhecer o seu coração independente. 41 anos de vida e 21 anos de carreira equivalem a tantas memórias quantas as estrelas que existem no céu mas a mate-mática não é para aqui chamada porque esta his-tória fala apenas ao coração. É espreitar pela porta encostada seguindo as pegadas de Nuno Guerreiro.