Date a Home Magazine | Jul / Ago / Set 2014 | Page 79

ouvir-me sempre no Clube de Fado.

Acabei o curso, depois fiz uma pós graduação em marketing mas continuava a não sentir ou encontrar-me na minha pele e as pessoas continuavam a dizer que fado era a minha vida.

Mais uma vez, o destino levou até mim, numa noite em que tudo era inesperado, Gustavo Santaolalla e, foi ele que me fez acreditar que nasci para o fado.

Houve 2 pessoas muito especiais no início da sua carreira, já falamos de Carlos Zel, conte-nos essa história com Gustavo Santaolalla?

Tive várias propostas de editoras para gravar, uma delas era mesmo muito boa, mas recusei todas, Mário Pacheco, meu manager na altura não percebia mas sempre lhe disse que só iria gravar com quem tivesse paixão pela minha música e, essa editora não tinha, apesar de teimarem comigo que as editoras não têm paixão pela música dos artistas, vêem neles um produto ou até mesmo como me disse essa editora que eu era “um excelente cocktail”, não era isso que eu queria, para deixar as outras paixões da minha vida e ter a certeza que era o fado a história da minha vida, tinha que me sentir segura e saber que estava a gravar com alguém que se movia com a minha música. Fui fiel à minha convicção, muitas vezes com olhares de indignação, mas mais tarde o destino encarregou-se de me mostrar que devemos ser sempre fiéis às nossas convicções, o tempo acaba por nos dar esses sinais e, foi assim que aconteceu, “foi um grande melão para todos”, porque naquela noite inesperada apareceu o Gustavo que me ouviu cantar e chorou ao ouvir-me cantar, as lágrimas caiam-lhe pelos olhos, um homem com cerca de 60 anos, moveu-se com a minha música, quando eu saí, ele agarrou nas minhas mãos e disse, “tu és uma estrela mundial”, eu trabalho com muitas estrelas do mundo inteiro mas tu não tens noção da força que tens. A pianista olhou para mim e disse, tu sabes quem ele é? Peço desculpa mas pensei eu, mais um maluco a dizer-me que a minha voz é gigante que me vai levar pelo mundo fora, promessas dessas é o que mais nos fazem e nunca acontece nada…

Mas continuava sem saber quem era o Gustavo Santaolalla, cheguei a casa fui à internet e descobri que aquele produtor já tinha ganho 2 óscares e ainda por cima de filmes que adoro, Babel, Diários de Che Guevara, e disse bom... Já passaram 6 anos e a nossa paixão continua a mover-nos. O Gustavo sentiu paixão pela minha música. Ele é um grande produtor porque tem paixão e só se envolve com cantores que

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