Date a Home Magazine | Jan / Fev 2014 | Page 48

REPORTAGEM | Música | A Música Mora Aqui

Compositor de profissão e um homem de grande carisma e de fortes paixões, o Maestro António Victorino D’Almeida, é alguém que desde sempre deu provas de um talento musical indiscutível e internacionalmente reconhecido. Aos cinco anos de idade compôs a primeira música e aos sete deu a sua primeira audição. Compositor, maestro, pia-nista e escritor, a música é um trabalho que faz com muita paixão.

Quisemos perceber na sua opinião o quão impor-tantes podem ser os espaços, ainda que despidos de pertences, que emoções podem ecoar, que notas soam aos ouvidos de quem os olham, ou de quem neles entram. A música, tal como as palavras podem fazê-lo… acima de tudo esta expressão musical, a dedicação de uma música a um espaço, a uma casa, é uma partilha daquilo que se sente. Essencialmente dos sentimentos que a mesma nos transmite.

Quando da música e do intelecto se trabalha, quando o principal recurso é a própria mente, diz o maestro existirem momentos ou dias em que pontualmente o trabalho não sai de imediato, não flui. Acontece… “A casa, o sítio onde se trabalha, é muito importante, é mesmo determinante!”. No seu caso em particular, o conforto, a tranquilidade, não necessariamente a estética daquelas duas salas onde trabalha, são fundamentais. Não falta o piano, muitas vezes desafinado numa desa-finação já a si habituada, papéis (mais que muitos), livros (uma infinidade) e uma parede revestida não a papel, mas com uma numerosa e sempre cres-cente coletânea num todo de mais de 5.000 cd’s. O seu processo de criação e desenvolvimento de trabalho implica um isolamento de todos, à exce-ção dos seus cães, e este espaço ideal é por si construído, vestido da sua personalidade e torna-se assim único e insubstituível, nos quase 2/3 de tempo que se ausenta de casa, quase numa constante vivência de hotéis, espaços impessoais, um pouco por todo o lado. Segundo diz, ressalta aqui de forma avassaladora a noção de “o meu espaço” e a importância da sua casa, não se sen-tindo bem a viver num outro espaço que não seja o seu. “A minha casa é exclusivamente a minha, fora isso nada onde esteja pode “cheirar” ou se assemelhar sequer a lar! E isso reflete a impor-tância que a casa tem para mim. É o não aceitar outra que não seja a minha!”.

Ao longo dos anos, entre Portugal e Viena, viveu em muitas casas, mas aquela que mais o marcou diz ter sido a casa que o viu nascer, no coração de Lisboa.