Date a Home Magazine | Jan / Fev 2014 | Page 132

ARQUITETO

ANTÓNIO

MOURA

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ENTREVISTA de hUGO MARTINS

Foto cedida pelo ARQº ANTÓNIO MOURA

A bpm's procurou alguém que tivesse um profundo conhecimento do Porto, que tivesse dedicado grande parte da sua vida a pôr em prática as ideias de projetos que dificilmente saem do papel. Apesar de já estar retirado da atividade profissional, continua a acompanhar de muito perto as trans-formações que a cidade está a ter. E a tentar, de certo modo, que a cidade mantenha o seu pro-gresso, mas ao mesmo tempo a profunda ligação ao centro histórico e património mundial pela Unesco. Foi aí que conversámos com o Arquiteto António Moura.

Qual é para si a grande diferença entre o Porto de há 30 anos atrás e o Porto atual?

Revisitando o meu Porto de há 30 anos e o Porto de hoje, devo confessar que me ocorrem várias e grandes diferenças. Mas a mais importante, na minha perspectiva, será a cidade do Porto ter obtido em 1996 a classificação do seu centro histórico como Património Cultural da Huma-nidade. A UNESCO considerou que este centro histórico possui um notável valor universal, quer pelo seu tecido urbano, quer pelos seus inúmeros edifícios históricos. A reabilitação urbana levada a cabo pelo CRUARB contribuiu, definitivamente, para este galardão. Não posso deixar de referir o nome do professor-arquiteto Viana de Lima, autor da ideia desta candidatura.

E as consequências para a cidade do Porto são já bem visíveis. O turismo aumentou imenso e a cidade tem sido considerada como um dos melho-res destinos europeus, servida por um aeroporto de grande qualidade.

O que pensa da tão falada “Movida” do Porto?

A “movida” mudou-se para a Baixa do Porto e até já foi notícia no New York Times e na imprensa europeia. Contribuiu para que algumas artérias da Baixa sofressem grandes modificações a nível arquitectónico e cultural. A abertura de novos espaços, com a consequente reabilitação dos edi-fícios, traduz uma mais-valia para a revitalização da Baixa. Contudo, há que estabelecer regras e saber gerir esta nova vida noturna com algum bom senso.

Que lições podemos tirar deste momento da cidade?

Como disse temos de saber gerir esta rápida transformação da cidade e criar condições de sustentabilidade a quem investe no Porto. Uma fiscalidade mais próxima, para ajudar mais a gerir do que a punir o negócio, de forma a evitar a degradação da vida noturna. Seria bom que a “movida” se alastrasse a outras artérias da Baixa mais desertificadas.

Acha que veio beneficiar o Turismo?

Claro que sim. Para além do nosso “património mundial” a “movida” da Baixa do Porto atrai todos os dias muitos turistas. Os voos low-cost e o alojamento mais económico em hostel permite às gerações mais jovens esta grande mobilidade entre cidades europeias.

O que pensa das novas intervenções no núcleo histórico da cidade?

Há que refletir sobre as novas intervenções. O custo das habitações reabilitadas está exageradamente elevado. Em alguns casos tratam-se de preços de habitações praticados na Foz, a zona mais cara da cidade, e a níveis imobiliários, das zonas mais caras da Europa

REGIÕES | Arrendar Porto Com Paixão | Entrevista

1984, em Roma (da esq. para a dir.): Arquiteto Viana de Lima com Arquiteto Moura