Compositor, cantor e rosto do projeto "FADO AO CENTRO"
ENTREVISTA de nuno real
Fotos CEDIDAS POR fado ao centro
JOÃO
FARINHA
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Entrevista | Arrendar Coimbra Com Paixão | REGIÕES
A bpm's foi em busca da morada do Fado de Coimbra e encontrou-a no n.º 7 da Rua do Quebra Costas na baixa da Cidade, onde nasceu e viveu Carlos Paredes e onde se situa a casa do “Fado ao Centro”, um local envolto em magia e onde nos sentimos imediatamente envolvidos pelos anos de tradição e paixão por esta música trovadoresca.
Fomos recebidos e estivemos à conversa com o João Farinha o compositor, cantor e rosto deste projeto embaixador de Coimbra e do seu Fado.
Começamos por lhe perguntar qual a origem do Fado de Coimbra?
As origens do Fado de Coimbra remontam a mea-dos do Séc. XIX, numa altura em que Coimbra rece-beu na sua universidade, que durante seiscentos anos foi a única universidade lusófona do mundo, um grande número de estudantes vindos de todo o mundo e particularmente do Brasil. Estes estu-dantes Brasileiros trouxeram com eles o hábito de fazer serenatas.
A música tradicional da cidade, a envolvente estudantil, onde constavam estudantes vindos de Lisboa que trouxeram os instrumentos musicais do Fado de Lisboa, os eventos noturnos, as tertúlias onde se faziam as serenatas às donzelas acabaram por personalizar o Fado de Coimbra.
Podemos então dizer que o Fado de Coimbra nasce de um casamento perfeito entre as serenatas e o Fado de Lisboa?
Sim, podemos dizer que sim, embora não se possa esquecer o cunho da música local, podemos simplificar dessa forma.
E qual foi a origem da sua paixão pelo Fado de Coimbra?
Foi por intermédio do meu pai, que também foi cantor. Ele cantava em casa e eu em criança convi-via com o Fado naturalmente, embora não me chamasse muito à atenção, preferia outro tipo de música. Foi quando entrei na Universidade que percebi todo o seu sentido e descobri o amor pelo Fado.
Uma das curiosidades que temos é se as donzelas a quem os estudantes faziam as serenatas inspi- ravam Fados de improviso ou se pelo contrário havia uma preparação prévia?
(Risos) Não sei exatamente como funcionava anti-gamente. Agora, às vezes, há um improviso mas não é tão espontâneo como antigamente, as coisas são diferentes… os prédios são mais altos e é preciso preparar as coisas. As tertúlias também já não são tão comuns.
Coimbra, nos anos 80, no ressurgimento das tradições académicas pós 25 de abril foi buscar o ambiente antigo, que eu ainda vivi na minha ado-lescência, haviam muitas tertúlias, muitos grupos de Fado e havia mesmo o revivalismo das tradições dos anos 40 e 50 e sei que a maioria das serenatas eram espontâneas, agora já não.
O que acha de se fazerem serenatas a casas apai- xonantes? Faz sentido para si?
(Risos) Eu acho que sim porque uma casa tem uma história