Date a Home Magazine | Abr / Mai / Jun 2015 | Page 125

GOstaria também de ressalvar que a minha preocupação enquanto psi-cólogo reside no individuo e nos seus processos de interação, cuja com-preensão implica um período de en-volvimento. Em contraponto, os pro-blemas que se apresentam aos ar-quitetos podem exigir respostas quase imediatas. Além disso, os ar-quitetos trabalham mais com a lin-guagem gráfica enquanto o psicólogo com a verbal. Tudo isto para dizer que o papel do arquiteto e do psicólogo não são antagónicos mas sim com-plementares.

Posto isto, e como o prometido é devido, de seguida serão referidos alguns dos exercícios acima men-cionados. Os exercícios aqui propos-tos são simples. Não obstante, o seu propósito não deverá ser simples-mente explicado, mas vivido e ex-perimentado. Acredito que irá gostar.

Um dos exercícios deverá ocorrer na sala da casa, consigo e mais uma pessoa. Porquê a sala?

O contato quotidiano com a sala torna os seus elementos banais, não

despertando reflexões sobre os com-portamentos neste ambiente e a im-portância de cada elemento presen-te. Questões simples relativas ao ‘interno e externo dos espaços’ e à sensação de ‘estar dentro ou fora’, perfumados pela dialética bachelari-ana, permitirão que se atente para o ambiente de forma inclusiva, bus-cando a consciência das suas atitu-des, comportamentos e sentimentos.

Com efeito, poderá começar por se

movimentar estrategicamente pelo espaço da sala; posicionar-se próxi-mo de uma janela aberta, do lado de fora da sala com a porta entreaber-ta... De forma intuitiva começarão a emergir definições e posicionamen-tos sobre a ideia de limites, domínio e outros referenciais usados. Por ou-tro lado, também toma consciência de como estes variam de acordo com o sujeito que percebe e também o que é percebido.

Outro exercício que poderá ser re-alizado na sala busca revelar uma consciência sobre o ‘espaço pessoal’, definido como uma área com limites invisíveis cercando o corpo de uma pessoa onde os “intrusos” não são permitidos. Neste exercício sugiro que simplesmente se proponha a caminhar em direção à pessoa que está consigo, sendo que esse in-divíduo deverá encontrar-se em po-sição estática, buscando assim as fronteiras invisíveis que cercam os corpos, todos observam como estas se dilatam em relação a diversas variações, como o género, direção, comunicação pelo olhar, afeto, etc.

Um abraço,

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