Corpo Europeu de Solidariedade - Brochura 2019 CIED_Brochura_final | Page 22
disseram a toda a gente para se apresentar
e dizer o que tinham estudado previamente;
os restantes alunos tinham todos estudado
Relações Internacionais, Economia ou Políti-
ca. Quando eu disse que estudei música, todos
se mostraram extremamente surpreendidos...
A segunda vez foi quando fiz um estágio na
Comissão Europeia e o Comissário Carlos
Moedas pediu aos estagiários para se apre-
sentarem. Mais uma vez todos os restantes
tinham estudado Relações Internacionais ou
áreas semelhantes, e, mais uma vez, a medo,
eu disse que tinha uma licenciatura em músi-
ca e que estava a fazer um mestrado em Es-
tudos Europeus; para minha surpresa a sua
resposta foi “Parabéns! Esta diversidade na
aprendizagem é o futuro!”. Acho que ouvir
algo assim me deu força para continuar e foi
aí que me apercebi que na realidade, o mais
importante é as pessoas fazerem aquilo que
desejam da sua vida. Haverá sempre pessoas
que se irão opor ou discordar, mas também
aquelas que nos irão apoiar.
Quais são as
fronteiras de um
jovem europeu nos
dias de hoje?
Na minha opinião as únicas fronteiras são as
da mente. Muitas pessoas têm medo de sair
da sua zona de conforto e vivem felizes no seu
pequeno aquário. Não há nada de errado em
viver num aquário, mas quando de repente
há uma situação em que outros peixes
partilham o mesmo espaço, há uma possível
ameaça a nível de território, que na realidade
não existe porque toda a gente pode coexistir
e viver em conjunto, há espaço para todos. Às
vezes para as pessoas se aperceberem disto é
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necessário sair do aquário e ir viver no mar
durante uns tempos e assim aperceber-se
que as fronteiras somos nós que as criamos.
Conta-nos
um momento
especialmente
marcante para ti
neste teu percurso de
mobilidade… Que conselho darias
a um jovem que vive
na Europa neste
momento? O que dizem os
Houve imensos momentos nestes últimos
anos, suponho que daria para escrever um
livro, mas tendo que escolher um… O mo-
mento mais marcante foi quando me mudei
para Hamburgo para ir viver com o meu
marido (na altura namorado) que é Alemão.
Depois de ter feito um estágio na Comissão
Europeia na Bélgica, recebi uma chamada
a perguntar se estava interessada em fazer
parte do Corpo Europeu de Solidariedade
em Bruxelas, em abril. Isso implicaria mu-
dar-me outra vez para a Bélgica. Após falar
do assunto com ele, ele perguntou-me “Tens
a certeza que é mesmo isto que queres faz-
er?”, eu respondi “Sim… tenho mesmo a cer-
teza, eu sei que tenho de fazer isto…” E foi
nesse momento que ele decidiu deixar tudo
e vir comigo para Bruxelas, para eu fazer o
que mais queria. Ter um apoio assim é fun-
damental para qualquer pessoa que vive em
constante mobilidade. É possível fazer tudo
sozinho e depois de um tempo, às vezes, até
parece ser a solução mais fácil, mas é ainda
melhor quando se pode fazer as mesmas
coisas com alguém especial.
Como já se devem ter apercebido, eu não
sou uma pessoa de ir pelas opções mais fá-
ceis e óbvias. A realidade é que este foi um
dos momentos mais importantes não só da
minha carreira, mas também da minha vida
em geral. O melhor conselho que eu posso dar é que
fechem os olhos, usem o máximo poder criati-
vo que têm, e que tentem imaginar o dia a dia
sem a União Europeia…
Às vezes tomamos o que temos como garan-
tido, suponho que seja a natureza do ser hu-
mano, mas é importante fazermos um esforço
extra para apreciarmos os aspetos positivos
que temos nos dias de hoje, nomeadamente
a começar por Paz na Europa e pela possibili-
dade de viajar, viver e estudar noutros países
da UE. Há dois anos fiz parte da organização
de uma conferência para jovens dos países
balcãs e estive na Macedônia e no Kosovo. Foi
incrível ouvir esses jovens falarem sobre o que
significaria para eles fazer parte da UE e como
esperam melhorar a região deles. Um dos as-
petos que me impressionou imensamente foi
a quase impossibilidade de respirar em Pristina
durante a noite, devido à poluição existente na
região. A razão para tal poluição (vim a saber)
é a mineração do carvão e a energia emitida
por duas fábricas que se encontram localiza-
das não muito longe da cidade. Graças à UE foi
criada uma estratégia de acordo com padrões
ambientais específicos da UE que a Pristina
tem de cumprir até ao final do ano 2022. O
que significa que a saúde de milhares de pes-
soas vai melhorar. A verdade é que apesar de
não nos apercebermos a UE está até no ar que
respiramos. Os meus olhos dizem que sempre que virem
um desenho que se parece com um chapéu
olhem melhor… pode ser que, como eu,
também vejam a jibóia a digerir o elefante…
Não sei como é que a maior parte dos adultos
não vêem isso também… Mas suponho que
“só se vê bem com o coração, o essencial é
invisível aos olhos.”
teus olhos?
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