Corpo Europeu de Solidariedade - Brochura 2019 CIED_Brochura_final | Page 20
Testemunho
Helena Gandra tem 27 anos e é natural do Porto.
Foi a primeira portuguesa a integrar o Corpo
Europeu de Solidariedade no Centro Europeu
de Voluntariado (CEV) em Bruxelas, como
estagiária em Comunicação e Advocacy. Pre-
viamente, estudou música no Conservatório
de Música Calouste Gulbenkian de Braga
concluindo a licenciatura em Composição em
Londres. Para além do Reino Unido, viveu,
estudou e trabalhou também na Polónia,
Bélgica e Alemanha, onde tirou o mestrado
em Estudos Europeus na Europa-Universitaet
em Flensburg. Recentemente, encontra-se a
trabalhar na área de seguros internacionais
de saúde em Paris, França. Nos seus tempos
livres faz voluntariado, joga futebol, é modelo
fotográfico, assiste a diferentes tipos de con-
ferências, viaja e escreve acerca de temas
que considera importantes na área de desen-
volvimento pessoal, carreira e lifestyle dos
jovens de hoje, os millennials, no seu blog.
Helena
Gandra
Sehn,
Porto/
Paris,
27 anos
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Foste uma das
primeiras portuguesas
a integrar o Corpo
Europeu de
Solidariedade,
o que te motivou?
O que me motivou primeiramente a fazer
parte do Corpo Europeu de Solidariedade foi
o desejo de contribuir para uma Europa mais
unida (algo em que eu acredito firmemente),
através de um dos mais importantes valores,
senão o mais importante, a Solidariedade.
Eu vivi em diversos países Europeus e,
curiosamente, sempre achei que, apesar de
existirem claras diferenças culturais, estas
nunca se deveriam sobrepor aos valores
comuns que nos unem a todos. O facto de
existir um programa que permite aos jovens
contribuírem para o sentido comunitário, em
vez de desenvolver apenas aspectos pessoais
e de conhecimento, tanto em termos locais
como a nível europeu, é uma mais valia. Os
jovens de hoje já estão motivados para mudar
o mundo. Só necessitam das ferramentas
certas para o fazer.
Referes numa
entrevista que os
programas de
voluntariado são, mais
que tudo, processos
de desenvolvimento
pessoal. Porquê?
Voluntariado para mim é uma das formas
mais genuínas e dignas de contribuir para
um mundo melhor. O conceito de dar sem
esperar nada em retorno e contribuir para
a comunidade sem ter em vista interesses
próprios, num tempo e sociedade que se
baseia maioritariamente no conceito de “eu”,
é de facto algo que temos de reconhecer e
preservar. Lembro-me que a primeira vez que
fiz voluntariado, era ainda uma criança, foi
com os meus pais num dia de voluntariado de
família da EDP, onde ajudamos a reconstruir
um hospital. Desde então tenho estado
em contacto regular com atividades de
voluntariado e, em particular, com refugiados.
Apesar de, para mim, educação formal ser
muito importante, desenvolvimento pessoal
não é algo que se desenvolve apenas com
o ensino formal, é um processo ao longo da
vida que combina uma série de diferentes
fatores. Voluntariado faz cada pessoa avaliar
individualmente os seus objetivos de vida,
bem como maximizar os seus conhecimentos
e competências, em prol do bem comum e
de uma sociedade melhor.
Começaste pela
música, concluíste
um mestrado em
Assuntos Europeus e
pelo caminho passaste
pelo Reino Unido,
Alemanha, Polónia,
Bélgica e França. O que
mudou em ti nestes
últimos anos?
Suponho que o que mais tenha mudado em
mim seja a capacidade de me adaptar facil-
mente a qualquer tipo de situação e não ter
medo de sair da minha zona de conforto.
Acho que os últimos anos me demonstraram
que nada é impossível e que, ainda que haja
adversidades na vida, tudo é ultrapassável,
basta apenas sonhar, ter força de vontade
e trabalhar para atingir os objetivos preten-
didos. Em Portugal, por vezes temos medo
de errar, de ter um caminho menos conven-
cional e acho que isso foi algo que também
mudou para mim. Antes, eu tinha um certo
medo (e vergonha até), em admitir que es-
tudei música e depois alterei o percurso e de-
cidi estudar assuntos europeus ou ainda que
trabalhei na área bancária e depois em Re-
cursos Humanos. Neste momento trabalho
numa seguradora internacional de saúde,
porque achava que as pessoas me iam jul-
gar dizendo que eu não tenho a certeza do
que quero fazer na vida ou que estou per-
dida, mas a verdade é que eu nunca estive
perdida nem estou, simplesmente os meus
objetivos vão mais além do que estudar um
determinado assunto e trabalhar nesse cam-
po toda a minha vida. Eu gosto de temas vari-
ados e muito diferentes e interesso-me por
aprender algo novo todos os dias. Lembro-me
particularmente de duas situações que me mar-
caram bastante neste sentido: a primeira foi no
primeiro dia de universidade, os professores
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