Michelle Carreirão Gonçalves é licenciada em Educação Física/UFSC; Bacharel em Filosofia/UFSC; Mestre e Doutora em Educação/UFSC; Professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, junto ao departamento de Didática. Membro da equipe editorial da Revista Brasileira de Ciências do Esporte, trabalhando especialmente nos Cadernos de Formação RBCE; Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas Educação e Sociedade Contemporânea (UFSC) e do Laboratório de Pesquisa em Educação do Corpo/LABEC (UFRJ).
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sagital que nos fazem mergulhar no papel. Há ainda a brincadeira com o degradê de faixas de cores ondulares perfeitamente delimitadas por barbantes ou mesmo pela própria tinta acumulada que, assim como o cordão, pula para fora da tela retomando a imagem tridimensional.
Tudo é movimento no mundo produzido esteticamente por Abraham Palatnik. Em suas obras a riqueza nos modos de criação e composição expressa o espírito de um tempo que se move no sentido da técnica (entendida como instrumento para transformação da natureza), para a tecnologia (a totalidade dos instrumentos configurando um modo de produção que organiza e difunde as relações sociais1 ) – há que se destacar que o trabalho de Palatnik ganha força e notoriedade a partir dos anos 1950, momento em que, no Brasil, a
ARTE E SOCIEDADE
crença no desenvolvimento e progresso é crianças e suas brincadeiras, é executado com uma indiscutível expertise conceitual e técnica, colocando em pauta possíveis diálogos entre artesania e tecnologia.
Se a experiência estética resultante do contato com a arte se configura como um “perder-se nas obras”, como certa vez escreveu Theodor W. Adorno, entregar-se ao trabalho de Abraham Palatnik é mergulhar num mundo lúdico em que material e forma jogam entre si a todo momento e nos convidam a participar deste jogo do qual não é possível sair indiferente.
1 Retomo a distinção entre técnica e tecnologia realizada por Herbert Marcuse (1999) em seu livro Tecnologia, guerra e fascismo.