Implosão
E assim inspirei…
o ar quente cercava-me!
Estava no meio do que é
e sempre foi o meu todo,
para outros o nada:
o inexistente cria insanas divergências.
Deitada no meio de relatos
das belas recordações vividas
de um passado jovem, simples e alegre.
Agora uma mancha abandonada:
o esquecimento fez de mim vítima.
Quando liberto o ar outrora inspirado,
Alimento cada ferida rasgada.
A dor já não existe,
eu reinvento-me através dela.
Todos os dias!
Todos os dias
procuro o equilíbrio constante,
luto para apagar o risco mal feito.
Quero-me a implodir do papel branco:
Falta-me sempre o tempo para ser eu.
E quanto mais penso nelas,
menos as vivo como foram,
alterando-as a cada visita:
o passado faz-se pré-história em mim.
Já nada é o que foi.
Tudo o que toco, vejo ou sinto,
parece desfalecer à minha frente,
Desaba!
É o destino cruel
que acaba a vida, que me rodeia,
Assassina!
Maria Inês Roque, 12ºA
Escola Secundária D. Duarte