Coleção “Passaporte Literário” Rachel de Queiroz: breve incursão literária | Page 18

leitor, denunciando a triste vida do nordestino, pautada pela fome, a seca, a miséria moral, o cangaço, as representações femininas e o poder patriarcal. Seu trabalho chega ao mundo, com traduções em francês e inglês. E, em 1985, é convidada para inaugurar a “Casa Rachel de Queiroz” em Ramat-Gan, Tel Aviv, sendo escolhida por ter raízes judaicas e ter falado contra Hitler e a favor dos judeus em suas crônicas. É interessante notar que, nesse mesmo período em que Rachel de Queiroz escreve, em Cabo Verde os “claridosos” estão propondo uma literatura igualmente regionalista. Manuel Lopes, na obra “Os flagelados do Vento Leste”, denuncia a pobreza que a população está submetida, tal como faz a escritora numa parte significativa da sua obra. — Triste é a minha vida, três dias sem sentir nada na boca. — Digo ocê, comadre. Fome é triste quando cercado de fartura. Morte do povo não é sentida (Lopes, 2001, p.129). | 18 |