CineBA Volume 1 | Page 22

O processo de construção de Capitães da Areia foi dividido em três etapas e durou cerca de nove meses para finalizar o filme. A seleção contou com a participação de 1200 jovens entrevistados para os papéis dos capitães da areia, 90 foram selecionados para uma oficina de dois meses e 12 foram escolhidos no final do processo.

Cecília Amado, diretora do filme, optou pela escolha de adolescentes não-atores para compor o elenco, levando uma maior vivacidade às cenas. “Ela desde o início teve essa “coisa” de querer trabalhar com adolescentes não-atores que vieram de comunidades e de ONG’s ou escolas públicas” conta Jean.

A oficina com os 90 adolescentes que passaram na primeira fase do processo de seleção durou cerca de dois meses e contou com ensaios, leituras de roteiro e aprimoração de personagens. Os atores contam que além da preparação usual, a diretora também manteve o contato com a obra original de Jorge Amado com eles “Às vezes a gente levava o livro para ler durante os ensaios ou até mesmo nos sets de filmagem (risos)” relembra Evaldo.

No final da preparação foram selecionados 24 adolescentes, 12 que fariam parte do elenco principal do longa-metragem e 12 que trabalhariam no apoio, “Éramos jovens de periferia, marginalizados, meninos de ONG fazendo cinema. Isso para o sistema foi um choque, porque a gente chegou derrubando a porta e depois de nós vieram muitos outros” relata Elcian. A preparação do elenco ficou por conta de Christian Duurvoort, um dos instrutores de dramaturgia mais famosos do Brasil. Além de Capitães da Areia, ele também trabalhou em Cidade de Deus.

Segundo os atores o período entre as gravações foi uma mescla de aprendizado e divertimento. Eles que não eram atores profissionais viram no filme um desafio e uma oportunidade de criar algo novo que seria baseado em uma das histórias mais importantes da Bahia. Descobrir como viver os personagens criados por Jorge Amado, tentando transmitir algo real e bem construído também foi um dos obstáculos que eles tiveram que enfrentar, “Foi o meu primeiro trabalho na vida, eu nunca tinha feito teatro, eu nunca tinha feito nada. E eu fui preparada para fazer aquilo, então tudo que eu fazia era muito por instinto, tudo muito orgânico”. explica Ana Graciela.

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