dois anos de preparação e, agora, continuará
se encarnando nas Igrejas locais, a Igreja na
região Pan-Amazônica, a partir do final des-
te ano de 2019, terá um documento comum
de referência para seu caminho de fé, que nos
será oferecido por Pedro, que hoje se chama
papa Francisco. Essas mesmas orientações do
papa Francisco para a região Pan-Amazônica
poderão iluminar toda a Igreja no caminho de
sua reforma que está em ato.
Quais as suas expectativas para um plano
de ação da Igreja na região Amazônica
que dê conta de enfrentar os desafios
pastorais, culturais e socioeconômicos
presentes ali? O que o Sr., pessoalmente,
acredita ser indispensável nesse sentido?
Antes de tudo, como Igreja, somos gratos a
todos os missionários e missionárias que tra-
balharam e entregaram suas vidas por Deus e
pelos povos da Amazônia e lutaram para pre-
servar essa nossa casa comum. Muitos são os
que hoje continuam esse caminho de evange-
lização nas igrejas locais e nas missões já ini-
ciadas. Quanto caminho de testemunho au-
têntico já foi construído! No Sínodo em Roma,
pudemos perceber a força do compromisso
das dioceses, das conferências episcopais e
de muitos organismos de dentro e de fora da
Igreja que trabalharam para a sua preparação.
Em todo esse trabalho, acompanhado de perto
pela Secretaria Geral do Sínodo, ficou eviden-
te o novo estilo sinodal da Igreja. As propostas
apresentadas pelo Documento Final ao papa
Francisco são muitas e dependem agora de sua
decisão. Pessoalmente, penso que uma Igre-
ja missionária, comprometida com os pobres
como Jesus e decidida a construir a ecologia
integral com todas as forças que aderem a esse
caminho tornará a evangelização inculturada
uma presença estável na região amazônica.
Embora seja sobre a realidade amazônica,
esse foi um Sínodo da e para a Igreja. Em
que sentido é possível esperar que a Igreja
como um todo abrace e aprenda com as
reflexões feitas nesse evento?
A Igreja é um único corpo feito de muitos
membros e casa de todos os povos. Sua uni-
dade é garantida pelo Espírito Santo de Deus
nela presente e presidida na terra por Pedro na
pessoa do papa. É este Espírito que, por media-
ções humanas, garante o caminho da Igreja
na história. Assim é há dois mil anos e não
poderia ser diferente agora. O Sínodo para a
região Pan-Amazônica refletiu e propôs cami-
nhos para essa região a partir da realidade dos
povos da região, especialmente dos povos in-
dígenas e de sua e nossa casa comum, a Ama-
zônia. Este Sínodo é um dos frutos da Palavra
de Deus e do Magistério do papa Francisco,
presentes na Evangelii Gaudium e na Lauda-
to Sí’. Ele nasce do grito dos povos e da terra
amazônicos que foi ouvido pela Igreja em seu
caminho sinodal. E este caminho é de toda a
Igreja, em todas as partes do mundo. Além do
caminho sinodal proposto novamente para
toda a Igreja, outra realidade que toca toda a
Igreja é a ecologia integral. A humanidade, e
nela a Igreja, não pode mais prosseguir seu ca-
minho sem construir a defesa da vida humana
e da vida da “Casa Comum”, a natureza, por-
que tocam a vida, são realidades que precisam
ser assumidas juntas.
O papa Francisco reafirmou que é o
Espírito Santo que conduz a Igreja.
Considerando a experiência desse Sínodo,
como é possível ter essa confiança na ação
do Espírito de Deus neste momento da
vida da comunidade eclesial?
A Igreja vive e se move dentro da experi-
ência da fé na pessoa de Jesus Cristo e de seu
Evangelho. Sem essa dimensão, que a envolve
no mistério de Deus, ela não pode existir. Ao
formar os discípulos do Senhor, ela sabe que
não pode contar só com suas forças humanas.
A fonte de sua identidade vem do alto, de onde
ela nasceu. Sua existência custou o sangue do
Filho de Deus e da cruz, onde Ele consumou o
seu amor por nós. Ele também nos deu o seu
Espírito que conduz a Igreja. É esta a confiança
com que o papa Francisco caminha. É esta a fé
que alimentou a assembleia do Sínodo. Espe-
ramos, agora com toda a confiança, a palavra
do Papa, a quem Cristo garantiu uma especial
presença de seu Espírito.
Dezembro 2019 | Cidade Nova |
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