do evento, mas o absorveu com grande emoção
também. Entendeu tudo o que aconteceu, porque
expliquei passo a passo, como era a premiação,
os outros que estavam concorrendo, o porquê da
nossa indicação... Para ele, além disso tudo, foi
uma festa gigantesca, com a oportunidade de co-
nhecer os ídolos de que ele gosta, como o Messi.
Ele ficou bem emocionado, tirava fotos, pulava.
Hoje, explico para ele, já que somos muito asse-
diados e muitas pessoas querem tirar fotos: “Ni-
ckollas, você tem seus ídolos. Quando você está
perto do Dudu, do Deyverson, do Weverton, você
não quer tirar fotos e abraçar? As pessoas gostam
de você também. Não é triste se eles falassem que
não?” Ele responde: “Não quero isso”. Então, ele
leva muito de boa. Abraça todo mundo, tira foto
com todos.
A reunião com a CBF já foi um primeiro des-
dobramento concreto do prêmio?
No dia da premiação, fui apresentada ao presi-
dente, o Rogério Caboclo, e manifestei: “Presiden-
te, embora eu ache que esse não seja o melhor mo-
mento, gostaria tanto de um dia falar a respeito da
oportunidade de outras pessoas com deficiência
curtirem os jogos.” Ele falou para mim: “Então va-
mos inverter, eu vou te convidar para você falar”.
E cumpriu, tanto que nessa semana me ligaram
e nós fomos até lá. Caboclo estava visivelmente
emocionado, o que eu achei muito bom, pois de-
monstrou interesse real. Mostrou que não era nada
midiático, muito menos demagógico. Demonstrou
interesse pela causa, pela possibilidade de fomen-
tarmos a cultura da paz, de o Nickollas levar os
amigos dele com deficiência, [torcedores] de outro
times, ao Brasileirão. Se Deus quiser, em breve, nós
estaremos nos estádios brasileiros levando outras
crianças com deficiência para ter a oportunidade
que meu filho tem de assistir aos jogos.
Falta acessibilidade nos estádios do país?
O Palmeiras, com o Allianz Parque, até recebeu
selos de acessibilidade, não só do Brasil, porque
ele tem acessibilidade arquitetônica e de comu-
nicação. Quando entramos lá para uma partida,
tem uma pessoa que nos leva até o nosso local. No
intervalo, eles vêm perguntar se, por acaso a mãe
precisa ir ao banheiro e se quer que alguém fique
com o filho. Eles se predispõem a isso. Depois, nos
levam até o carro. Acredito que a grande maioria
dos estádios não tenha essa acessibilidade. Ou, en-
tão, há estádio que coloca todas as pessoas com
deficiência juntas num mesmo lugar. Isso não
é inclusão. Inclusão é elas ficarem no meio dos
torcedores.
Como você, com o tempo, foi desenvolvendo
a técnica da narração? Você prestava atenção
em como os narradores de rádio e TV faziam?
A primeira vez que eu levei o Nickollas a um
Novembro 2019 | Cidade Nova |
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