Cidade Nova 5c798a3eef064560172886pdf | Page 2

22, não foi diferente: “Quando chegamos a Boa Vista, percebemos que a vida no Brasil não seria tão fácil. Não era a maravilha que esperávamos”, conta a moça, que abandonou o curso de con- tabilidade antes de vir, porque não conseguia pagar a passagem de ônibus. “Mesmo com toda dificuldade em Boa Vista, na Venezuela está muito pior. Se em uma casa vivem sete pessoas e todas as sete trabalham, mesmo assim não con- seguem dinheiro suficiente para alimentar to- dos”, explica Reinerys. Chegando ao Brasil, dor- miram em uma praça com cerca de 800 pessoas. Depois em uma igreja, com 400, onde recebiam almoço e janta. Só então foram para o mesmo abrigo em que ficou a família de Ramón. Mesmo quando ainda morava na praça, po- rém, o casal não conseguia ficar parado. “Pri- meiro catávamos latinhas de alumínio. Com o dinheiro das latinhas, compramos limões, que ficamos um mês vendendo. Com o dinheiro­ dos limões, começamos a fazer geladinho. Com o dinheiro que conseguimos assim, eu fui à Guiana, comprei roupas, tênis, óculos, ca- pinhas de celular e virei camelô”, conta Angél. “E foi com o dinheiro dessa mercadoria que a gente conseguiu comprar um celular”, disse Reinerys, mostrando o aparelho com orgulho. “Ele é muito empreendedor, tem visão. Foi o primeiro que conseguiu emprego aqui em Ara- caju”, completou a esposa. #EUMIGRANTE Com o intuito de fornecer condições melho- res de moradia, emprego, saúde e escola para as crianças, a Cáritas Brasileira iniciou no final de 2018 o Programa Pana de assistência a famílias venezuelanas. De acordo com a entidade, em um ano, o programa pretende oferecer estru- tura de acolhimento que passa pela concessão de aluguéis sociais e itens de primeira necessi- dade a três mil pessoas (alimentos, roupas, me- dicamentos, kits de higiene), bem como apoio jurídico e psicossocial. O programa conta com parceiros locais que contribuem para a inte- gração dos imigrantes nas capitais brasileiras onde é desenvolvido. Em parceria com a Signis Brasil Jovem (setor juvenil da associação de comunicação católica Signis Brasil), foi criada a ação #EuMigrante, que pretende mobilizar e informar a população a respeito do que cada um pode fazer no pro- cesso de acolhimento do povo venezuelano­ . Pelo portal www.eumigrante.org é possível sa- ber como ajudar, onde entregar doações, além de encontrar depoimentos e dados a respeito da situação dos imigrantes. Março 2019 | Cidade Nova | 31