Cidade Nova 5bdb0ec2bb81c156814066pdf | Page 2

da Amazônia para que, através da rede, a gen- te possa denunciar tudo que vem a agredir os povos da Amazônia, mas também anunciar aquilo que é bom, que muitas vezes fica des- percebido pelas pessoas que não moram aqui”. MUITA ÁGUA, POUCA INTERNET Uma das riquezas do bioma amazônico é tam- bém um grande desafio na hora de fazer uma re- portagem. Em um ambiente em que rios são tão frequentes quanto ruas e avenidas, o transporte frequentemente é feito em balsas e, em alguns casos, canoa. Segundo a coprodutora Daniela, essa tarefa não é para iniciantes. “Em alguns momentos, a travessia do rio Amazonas é bem perigosa. Para quem tem medo de navegar, é recomendado ir em uma embarcação maior.” Outro obstáculo a ser superado diariamente é a falta de internet. Embora a RNA tenha acesso constante à web, o mesmo não acontece com as fontes ou mesmo com os repórteres quando precisam que ir para outras comunidades. SOMBRA E SINAL DE INTERNET A falta de sinal dificulta a transmissão de mate- rial a ser veiculado na rádio, o que obriga os pro- O que é Amazônia Legal Conceito criado em 1953 para auxiliar e pro­ mover o desenvolvimento socioeconômico da região. A extensão da área foi definida por parâmetros sociais e políticos e abrange um território de 5.217.423 quilômetros qua­ drados, equivalente a 61% do território bra­ sileiro. Engloba também partes do Cerrado e do Pantanal, além da Amazônia. Fazem parte dessa divisão nove estados: Acre, Ama­ pá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão. O que é Amazônia Internacional O bioma amazônico localiza-se, em sua maior parte, no Brasil. No entanto, também se estende por oito países vizinhos: Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa e Suriname. fissionais a usarem a criatividade para driblar os obstáculos. Uma das soluções é fragmentar os áudios das entrevistas feitas pelos repórteres e enviá-los por aplicativos de troca de mensagens. Foi o que fez Daniela, quando produzia um conteúdo sobre um tema particularmente deli- cado. Algumas comunidades da região de Lago Grande estavam em disputa judicial com uma grande empresa. Na véspera da audiência, mar- cada para 14 de junho, a repórter deveria en- trevistar moradores locais para uma reportagem informativa sobre a ocasião. Contudo, ela não esperava que, depois de concluir a apuração, só houvesse um lugar com sinal de internet sufi- ciente para transmitir as informações: o topo de uma árvore. Daniela guarda a recordação como um momento emblemático em sua vida, porque conseguiu cumprir seu dever e a população lo- cal foi ouvida e teve seus direitos atendidos. “Subi na árvore, fiquei lá, enviei os áudios para a Jéssica e era aquela demora. Acabou que deu tudo certo no final, enviei os mate- riais, acompanhei a audiência. Quando estava­ retornando aqui para Santarém soube que ti- nha sido veiculada a matéria, a reportagem, mas foi gratificante ter conseguido enviar, porque era uma causa muito interessante, uma causa justa, uma causa de interesse da popu- lação, principalmente que mora ali. Muitos es- cutam a rádio, todos precisam saber da Ama- zônia. Foi arriscado, sim, subir na árvore, mas deu c ­ erto!”, comemora. CONFINS Em muitos lugares da região, o sinal de rádio é o único que chega, portanto a equipe da RNA en- cara com ainda mais seriedade a função de pas- sar informações relevantes, de qualidade e que representem seu público. Para isso a empresa se propõe alguns objetivos constantes, como a capacitação contínua de seus profissionais e co- laboradores, para poderem saber cada vez mais sobre o contexto local e povo que representam. Há também o compromisso em estimular a consciência crítica das pessoas a partir de uma comunicação democrática e que inclua as populações locais, afinal são elas que me- lhor conhecem a realidade em que vivem e, por isso, mesmo devem ser os protagonistas da mu­dança de que precisam. Novembro 2018 | Cidade Nova | 25