FEMINISMO
NEGRO
Se pela sua cabeça passou algo do tipo “deve ser o lado obscuro do feminismo” é com alegria que digo que você não está fazendo isso certo, jovem. Mas nós vamos te ajudar. Don’t worry!
O feminismo negro corresponde ao protagonismo das mulheres negras em prol da luta contra as desigualdades sociais e da busca por uma sociedade mais justa tendo como prerrogativa a atenção às necessidades de uma minoria específica, no caso, elas mesmas. Em outras palavras, significa dizer que há singularidades próprias das mulheres negras que precisam ser atendidas dentro da luta feminista. Como exemplo é possível citar o fato das mulheres negras estarem mais suscetíveis à violência por terem sua imagem associada, historicamente, à ideia de objeto sem valor, a terem seus corpos hipervalorizados sexualmente e sua inteligência menosprezada indiscriminadamente.
Para se entender o feminismo negro é fundamental a compreensão do surgimento e desenvolvimento do movimento feminista no mundo. Quanto a isto, algumas historiadoras (es) e filósofas (os), como é o caso da Djamila Ribeiro, atribuem o surgimento do mesmo à segunda onda do feminismo (entenda onda como período), por volta de 1973, nos Estados Unidos, quando mulheres negras passaram a escrever com maior intensidade sobre o assunto ou, ao menos, suas produções a respeito tornaram-se mais conhecidas.
Ainda é primordial compreender que no interior do feminismo negro há intersecções que precisam ser consideradas,
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ou seja, nem todas as feministas negras são cis, pertencem às classes sociais elevadas, são heterossexuais ou são livres de deficiências. Existem especificidades dentro do movimento feminista negro que não podem passar desapercebido assim como há pontos em comum com o movimento feminista no geral.
Pontos estes que precisam ser reconhecidos pelas feministas não-negras como é o caso da filósofa e artista plástica Marcia Tiburi, em seu livro Feminismo em comum para todas, todes e todos, ao se referir à discrepância no que tange à remuneração das mulheres em comparação aos homens e o quanto esta diferença é ainda mais gritante no caso das mulheres negras. Para a filósofa, as mulheres negras são as que recebem menos por seus trabalhos e aquelas que, mesmo sendo competentes, não alcançam certos postos de trabalho devido ao racismo institucional presente na sociedade brasileira.
Se pensarmos no movimento feminista negro no Brasil, para além da atualidade, temos que voltar ao período colonial e citar mulheres como Dandara dos Palmares, Anastácia, Tereza de Benguela e tantas outras guerreiras que lutaram contra a escravidão e a favor da liberdade feminina ainda que talvez de forma indireta.