crónica dos bons formandos
Hoje vou falar de formandos adultos que por contingên-
cias várias ao longo das suas vidas não tiveram oportunidade de
estudar ou fazer formação. Abandonaram a escola por condi-
cionalidades da vida, económicas, financeiras, ou familiares e
iniciaram uma atividade profissional muito cedo. Percorreram
uma carreira profissional, muitas vezes sem qualquer formação
e outras sem reconhecimento que, mais tarde, os conduziu ao
desemprego e, hoje, com poucas qualificações, quase sempre
com a autoestima muito baixa e desvalorizados por muitos,
chegam ao nosso centro de formação. Ávidos de mudar de
vida, desejosos de ter oportunidades de emprego que lhes pro-
porcionem independência económica e ensejos de vida digna.
São adultos, quase sempre com famílias constituí-
das e consequentes responsabilidades familiares e a quem
lhes é sistematicamente negado um emprego por idade
a mais, habilitações a menos ou outra qualquer escusa,
nem sempre bem compreendida e raramente bem aceite.
Dedicam horas incontáveis a enviar centenas de cur-
rículos , raramente são chamados a entrevistas e,
quando são, nem sempre são selecionados. Interrog-
am-se porquê? Nem sempre encontram uma resposta.
Não há respostas mágicas, nem soluções únicas e infalíveis. O
problema é demasiado complexo para respostas simples. Contu-
do, quando temos que “comer um elefante”, uma solução é “par-
ti-lo aos pedacinhos”, é mais fácil de digerir e atingir o objetivo.
Após alguma reflexão individual estruturada ou acompan-
hada por profissionais, concluem que aumentar a sua formação
e as suas competências numa área profissional pode ser um tram-
polim para a integração no mercado de trabalho e para o suces-
so. E procuram-nos. Bem-vindos. Deram o primeiro passo, e um
passo muito importante, agora o caminho faz-se caminhando.
Uns heróis.
Fazem um percurso de formação mais ou menos
longo. Aumentam as suas competências, melhoram a
sua autoestima e assumem uma abordagem pró-ativa ao
mercado de trabalho. Sempre com o precioso apoio das
equipas formativas, coordenadores/as e mediadores/as.
O estágio ou a formação prática em contexto de trabalho numa
empresa são momentos únicos de oportunidades para que cada
um mostre o que vale, têm as portas das empresas abertas e nas
mãos a ocasião de demonstrar o seu valor, as suas com-
petências, o seu desempenho profissional, o seu caráter e o
seu rigor. É muitas vezes é esta oportunidade de ouro, que
lhes permite integrar ou reintegrar o mercado de trabalho.
Aqueles que conquistam a empregabilidade nem sempre são
os que têm menos idade, mas quase sempre os que têm mais
pró-atividade, mais dinamismo, mais resiliência e mais capaci-
“Dedicam horas incontáveis a enviar
centenas de currículos , raramente
são chamados a entrevistas e, quando
são, nem sempre são selecionados.
Interrogam-se porquê? Nem sempre
encontram
uma
resposta.”
de se adaptar a um mundo empresar-
ial em mudança, mas ávido de boas
competências pessoais e profissionais.
Há exceções? Sim, há exceções.
Eu aprendi há muitos anos que não
há regra sem exceção… Mas, quanto
a isso, tenhamos o espírito e a sabe-
doria de um cirurgião cuja missão é
salvar vidas. Contemos as que salva-
mos. E são muitas, muitas mesmo.
Bem hajam a todos aqueles
que passaram pelo nosso Centro de
Formação ao longo dos nossos 32
anos e passaram também pelas nos-
sas vidas e nos ensinaram a força da
persistência e do caráter e nos ensi-
naram que tudo o que fazemos vale a
pena quando damos o nosso melhor
e investimos nas nossas competên-
cias. Porque as pessoas valem a pena.