Catálogo Cine FAP Primeiro Semestre de 2016 | Page 17

Cinema Político Italiano 27/06/2016 Pai Patrão, de Paolo e Vittorio Taviani (Padre Padrone: ITA, 1977 – 114 min.) Aos seis anos de idade, Gavino é obrigado pelo pai a abandonar os estudos para trabalhar no campo, cuidando de ovelhas. Todas as suas tentativas de mudar de vida são abortadas pela ignorância e violência do patriarca. Aos vinte anos, ainda analfabeto, Gavino acaba entrando para o exército, onde pode enfim adquirir algum conhecimento de base. Renunciando à carreira militar, ele volta à sua terra para seguir estudando. No entanto, o choque com o pai é inevitável. Trechos de: “Crítica Pai Patrão”, por Eron Fagundes. Íntegra: http://www.dvdmagazine.com.br/resenhas/resenha/filme/29930-pai-patrao O cinema dos irmãos italianos Paolo e Vittorio Taviani começou a destacar-se internacionalmente com Pai Patrão (Padre padrone; 1977), premiado com a Palma de Ouro do Festival do Cinema de Cannes de 1977, de cujo júri foi presidente o realizador peninsular Roberto Rossellini, que viria a morrer pouco depois. É uma saudável coincidência que Rossellini fosse o presidente do júri que aclamaria Pai Patrão, pois esta película dos Taviani se enquadra com perfeição naquela categoria que o crítico francês Guy Hennebelle chamou “os filmes tardios do neo-realismo”, em seu fundamental livro Os cinemas nacionais contra Hollywood (1975). Pai Patrão é ainda o auge da essência neo-realista dos Taviani. Parece-me que sua sensibilidade específica está mais ligada ao Vittorio de Sica de Ladrões de bicicletas (1948) do que aos retratos fragmentados e cronísticos de Rossellini. As preocupações realistas dos Taviani se evidenciam na opção por atores amadores, que permitam captar as rudezas populares tal como era o escopo de um certo cinema político (ou politizado) dos anos 70. O amadorismo dos atores não desmancha a clareza fílmica, graças à habilidade dos realizadores-manos para lidar com os elementos aleatórios de tal estética; e mais: visto hoje, o desempenho de Omero Antonutti como o pai patrão está entre as mais brilhantes e verdadeiras interpretações da história do cinema.