Catálogo Cine FAP Mostra Tobe Hooper | Page 3

Tobe Hooper Trechos de: “Exumação: Tobe Hooper”, por Wellington Sari. Íntegra: http://www.revistainterludio.com.br/?p=104 15 Nada mais coerente com a desgraçada carreira do cineasta texano do que um timming mortalmente equivocado. O que deveria ser um obituário é, agora, corpo já há meses e meses velado e enterrado, uma exumação. Tudo bem. Roubando uma frase da entrevista dada por Hooper ao Austin Chronicle em 1988, as vezes fazemos as coisas pelos motivos errados. Sua filmografia é errática. Dolorosamente inconsistente. Os longas foram quase todos tomados pelos produtores, que se aborreciam com a suposta falta de planejamento do diretor, fazendo com que muitas das obras chegassem cortadas, remendadas. Devorado Vivo, de 1976, sucessor de O Massacre da Serra Elétrica, foi lançado e relançados inúmeras vezes, em diversas metragens, com vários títulos diferentes e, adivinhem, sequências inteiras realizadas sem a presença de Hooper no set. Quando esse tipo de infortúnio acontece no projeto imediatamente após seu grande sucesso de bilheteria, pode-se imaginar que se Hooper não tinha já no bolso o bilhete para o inferno, no mínimo deve ter dado uma boa checada nos horários. [...] Hooper é o cineasta do erro, da derrota, do verdadeiro e é por isso que para quem viu de coração alguma de suas grandes obras, a classificação pós- terror e os longa-metragens que seriam representantes dessa tendência parecem falsos, hipócritas, medrosos, burros. Não se enobrece um cadáver – todo filme de horror é sobre morte – tirando-lhe as partes podres e não se deixa mais aprazível o diabo – todo filme de horror é sobre o mal – lustrando-lhe os chifres. O pós-terror não passa de um neo-yuppie. E nós sabemos o que a motosserra de Hooper faz com essa turminha. Hooper é pró-terror.