Tobe Hooper
Trechos de: “Exumação: Tobe Hooper”, por
Wellington Sari.
Íntegra:
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Nada mais coerente com a
desgraçada carreira do cineasta texano do
que um timming mortalmente equivocado. O
que deveria ser um obituário é, agora, corpo
já há meses e meses velado e enterrado,
uma exumação. Tudo bem. Roubando uma
frase da entrevista dada por Hooper ao
Austin Chronicle em 1988, as vezes fazemos
as coisas pelos motivos errados.
Sua filmografia é errática.
Dolorosamente inconsistente. Os longas
foram quase todos tomados pelos
produtores, que se aborreciam com a
suposta falta de planejamento do diretor,
fazendo com que muitas das obras
chegassem
cortadas,
remendadas.
Devorado Vivo, de 1976, sucessor de O
Massacre da Serra Elétrica, foi lançado e
relançados inúmeras vezes, em diversas
metragens, com vários títulos diferentes e,
adivinhem, sequências inteiras realizadas
sem a presença de Hooper no set. Quando
esse tipo de infortúnio acontece no projeto
imediatamente após seu grande sucesso de
bilheteria, pode-se imaginar que se Hooper
não tinha já no bolso o bilhete para o
inferno, no mínimo deve ter dado uma boa
checada nos horários.
[...] Hooper é o cineasta do
erro, da derrota, do verdadeiro e é por isso
que para quem viu de coração alguma de
suas grandes obras, a classificação pós-
terror e os longa-metragens que seriam
representantes dessa tendência parecem
falsos, hipócritas, medrosos, burros. Não se
enobrece um cadáver – todo filme de horror
é sobre morte – tirando-lhe as partes
podres e não se deixa mais aprazível o
diabo – todo filme de horror é sobre o mal
– lustrando-lhe os chifres. O pós-terror não
passa de um neo-yuppie. E nós sabemos o
que a motosserra de Hooper faz com essa
turminha. Hooper é pró-terror.