Catálogo Cine FAP Melhores do Ano 2015 | Page 3

Mostra Melhores do Ano 2015 foi um ano difícil para o cinema. Em primeiro lugar pela oficialização de uma prática antiga, mas até então não declarada: a substituição, nas curadorias, dos critérios de exigência por um mercantilismo feroz. Em segundo lugar por que dos grandes filmes produzidos, lançados e exibidos neste ano que atravessaram nossas retinas, à maior parte caberia denominação, cunhada pelo velho Truffaut, de “grande filme doente”. Exemplifiquemos: a) Abel Ferrara e Michael Mann estão fora da sua melhor forma; b) A maioria dos filmes foram lançados sob a sombra da morte (mesmo apostando na vida): seja a do cinema (Adeus à Linguagem), a de Agata Apicella Moretti (Minha Mãe), a de Pier Paolo Pasolini (Pasolini), a de João Bénard da Costa (Outros Amarão as Coisas que eu Amei), a de Eduardo Coutinho (Últimas Conversas), ou a de Chris Kyle e seus 160 fantasmas (Sniper Americano); c) O filme do ano também foi o filme mais doentio e pertubador dos últimos tempos. Nesse quadro de trevas (onde – ai de nós – não mencionaremos os MUITOS filmes ruins), as únicas afirmações mais diretas da vida vieram de Shyamalan e Green. Cineastas que constroem espaços a serem habitados pelas pessoas e pela luz. Artistas que ajudaram a compor a mostra que aqui oferecemos aos combalidos cinéfilos de Curitiba. Miguel Haoni (Coletivo Atalante) Obs. Dedicamos este pequeno esforço de resistência a Sergio Alpendre. Homem de cinema, que no FICBIC do ano passado executou um trabalho raro, de cujo espírito pretendemos nos aproximar. Em: http://coletivoatalante.blogspot.com.br/2015/12/mostra-melhores-do- ano.html