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10/02/2014 Pola X, de Leos Carax (Pola X: FRA, 1999 – 134 min.) Baseado no romance de Herman Melville. Pierre, um jovem escritor, vive com sua mãe em um castelo perto do rio Sena, na Normandia. Está noivo de Lucile e na noite em que vai lhe anunciar a data de casamento, é interceptado por uma mulher de beleza sombria, com um acentuado sotaque do leste europeu, que lhe diz ser sua irmã Isabelle. Trechos de: “Um cometa de intensidade”, por Toni D’Angela Íntegra: http://focorevistadecinema.com.br/FOCO4/polax.htm Emocionante, ilimitado, excessivo, absolutamente moderno, como um trabalho irrepreensível, uma vocação vertiginosa, nada reconfortante. Atrás do grande projeto armado e pacificado, busca absoluta do objeto perdido, corrida ao desejo impossível e inalcançável por (in)definição: Je suis un autre! Consumo de energia, in loco, na hora, no fogo do instante: nenhuma hipoteca pesada da eternidade que vigia e censura. Uma corrente, uma brisa, uma chama, não o discurso terrorista do Genitor incestuoso ou do Guardião interessado: é Pola X. [...] Cuspido poeticamente, Pola X incendeia o jardim enfeitado, virando a capa espetacular, tornando-a página em branco manchada e deformada, como os destroços dos Titãs: fragmentos, restos, ruínas. É a marca de Leos Carax: somente os aleijados, os excluídos, os destruídos, corpos suados, exibidos com o peito nu, com a barriga endurecida, feridos na mão ou no olho, como os personagens de Sangue Ruim. Somente os miseráveis, escreveu Georges Bataille, podem operar a ruptura, os ricos têm muito senso, são enfadonhos, se interpõem entre nós e o ignorado, entre nós e o Atlântico. Os seres quebrados, despedaçados de Carax possuem a virtude de não aceitarem isso que é, querem se libertar do fundo, gemer, sofrer, por não suportarem nem mesmo a fácil e bela harmonia e conforto.