Catálogo Cine FAP Cinema Francês Moderno | Page 15
12/05/2015
Céline, de Jean-Claude Brisseau
(Céline: FRA, 1992 – 80 min.)
Aos 22 anos, Céline recebe vários
choques: seu pai morre e ela descobre
que é adotada. Ela recusa sua herança e
o noivo a deixa. Ela é suicida. Uma
enfermeira a vê chorando na rua e a leva
para casa. Sua mãe contra a enfermeira,
Geneviève, para cuidar de Céline.
Geneviève impõe os mesmos métodos
que a ajudaram a se recuperar de uma
depressão semelhantes dois anos antes.
Enquanto cresce a amizade das duas,
Céline começa a descobrir a si mesma.
Trecho de: “A Miraculosa”, por Camille Nevers
Íntegra: http://coletivoatalante.blogspot.com.br/2014/05/a-miraculosa.html
Como ele é professor, Jean-Claude Brisseau professa. Como ele ama o cinema, Jean-
Claude Brisseau faz cinema. Como ser professor, no senso etimológico, é “ensinar em
público”, Jean-Claude Brisseau faz do cinema um anfiteatro. Seus filmes tem a ver com o
teatro de paixões e tem de ser vistos como uma lição do cinema. Não de cinema. Não o
cinema que educa, mas o cinema como – possível – educação. As salas de cinema
frequentemente, e justamente, foram comparadas à igrejas; mais raramente à escolas: o
meio onde vamos sentar para ver, para escutar, para se completar, para se confrontar com o
Outro, se informar. Para ver, saber, e saber ver. Em Brisseau “o professor”, o filme perfurou o
quadro negro, a professora (maitresse) dança com o aluno, o professor faz da aluna sua
amante (maîtresse) e o espectador, que ajuda a trangressão, participa assinando a nota de
liberação. Nós apagamos tudo e recomeçamos.
[...]Céline é um filme feito (de) intensidade. Portanto em emocionante (émouvant) (em inglês
“moving” quer dizer “emocionante” e “em movimento”, assim o filme extrai seu movimento de
uma tensão interna: o que emociona (émeut), me move (meut)). E aquilo que ele é –
emocionante e em movimento, é que Brisseau não faz cinema como se ele fosse o primeiro,
não é a inocência do começo, é mais como se ele fosse o último dos homens com uma
câmera – e é uma fragrância de fim. Brisseau chega depois, mais uma vez. Depois da morte
e depois do cinema (Murnau antes de tudo, Bresson, Godard sobretudo). Chegar depois,
saber disso, é forçosamente estar no além, aí está porque Céline não é fúnebre mas
transcendente, aí está porque o cineasta não é religioso mas místico. Aí está porque seu
filme é fantástico.