Carnavalhame Edição 4 - Homenagem a Marcelo Yuka Carnavalhame Edição 4 - Homenagem a Marcelo Yuka | Page 52

MARCOS SAMUEL Marcos Samuel Costa nasceu dia 07/12/1994 em Ponta de Pedras, Ilha de Marajó, Pará, Amazônia brasileira. Atualmente mora em Belém do Pará e cursa Serviço Social na Universidade Federal do Pará. Publicou alguns livros de poemas, entre eles: Uma semana de poesia (Ed. Penalux, 2016), Sentimentos de um século 21 (Ed. Multifoco, 2014), Semblantes de nós (coautoria com Ana Meireles, Ed. Folheando, 2018) e o infantil: Memórias quase póstumas de um pato, livro infantil escrito em parceria com Miriam Hanna Daher. Publicou em diversas revistas, como: G.u.e.t.o., mallarmargens e marinatambalo, publicou também em mais de 20 antologias literárias entre elas: I, II, III & IV Anuário da Poesia Paraense. Faz parte da equipe Editorial do Jornal Crescendo, onde assina a matéria de capa e a coluna de crônicas infantis. Marcos escreve poesia, contos, crônicas e romances. TUDO PARA EVITAR O DIA QUE O HOMEM SE NASCE Se a cor da pele pastel não for, E o nariz fino com meu dedo polegar, As chances de morrer logo são maiores, Alguém aponta os dedos imundos e diz: “Ei neguinho, vai ali na esquina para mim” “Ei neguinho, tua mãe já teve outro?” “Esse neguinho não vai durar” Tudo para evitar o dia que o homem se nasceu, Apagar sua história, recontar sua vida, Lhe mostrar em imagens servis, Empregadas domésticas nas novelas da 9, Noticiários sensacionalistas que babam Quando um garoto é pego, Morto e torturado, pelas vias tortuosas desse país Mas não mandam no sol, nem nas madrugadas, As correntes de água que nascem na lá fonte Do coração de avó, Não comando a chuva, são só mandachuvas E cabos policiais, Não podem impedir que o sol ilumine, Que as águas do Rio Amazonas Corram até a foz do Marajó, Eles têm força, mas a nossa ainda é maior Fazem de tudo para evitar o dia que o homem se nasceu...