Carnavalhame Edição 4 - Homenagem a Marcelo Yuka Carnavalhame Edição 4 - Homenagem a Marcelo Yuka | Page 40
para então finalmente ver surgir nas veias entre nós
as asas da fênix nas rodovias, vielas e florestas
e continuamos a perguntar escorrendo
o rabo da lagartixa não volta as nuvens da rotina alteradas
a nascer quando o corpo é todo máxima radicalidade:
incinerado? não temer o absurdo
máxima radicalidade: se verdadeiro é
saber esperar se os meus ossos não doerem mais
a hora exata dar a ver se meu corpo se expandir e se regenerar
coincidências até alcançar o teu
nosso eu tornado outra se eu me tornar menos faminta
levantar a poeira as cinzas a fuligem e mergulhar além da superfície
devolver a sobra indigesta o anseio
as palavras ofensivas planejar o impossível
a violência humilhante lado a lado
o golpe diário máxima radicalidade:
o assassinato gratuito existir
com as palavras escrever
abro abas alas asas cantar
construo paixões tocar
sou revolta e serenidade as palavras
a voz e o corpo do outro acolhida de um livro sem final
ser leal ao sangue que circula