Caderno de resumos do VII Seminário Temático Filosofia Ética e Políti Jun. 2016 | Page 9
O culto à aparência: diálogos sobre ética, política e
estética com a filosofia de Agamben
Ana Lucia Kapczynski*
O presente artigo discute os princípios éticos, políticos e estéticos que estruturam o sistema capitalista e são profanados por meio do culto à aparência, encobrindo a essência
das coisas e do próprio ser humano. O capitalismo se coloca
como algo sagrado ou como religião e se recria por meio do
fetichismo e suas ideologias. Na concepção de Agamben a
luta pela ética é a luta pela liberdade, para poder experimentar a própria existência como possibilidade ou potência
de ser e de não ser, implicando numa luta política capaz de
desmascarar o ilusório instituído ao conceito de democracia
que encobre práticas totalitárias. Profanar significa libertar-se do sagrado, da asfixia consumista, do cartesiano eu soberano impessoal, obscuro e pré-individual, que separa o eu
de seu corpo. O sistema vigente utiliza a imagem para despertar desejos consumistas, mobilizando sentimentos como
o amor para vender produtos. Tudo gira em torno da imagem, de padrões de beleza pré-estabelecidos, ferindo direitos humanos fundamentais. É preciso profanar as próprias
religiões contaminadas pelos ideais capitalistas. O caráter
religioso conservado pelas potências econômicas e políticas
torna-se a porta de uma nova concepção de felicidade, cujo
jogo de profanação está em decadência. Diante do sentimento
de fracasso busca-se recuperar a originalidade perdida por
*
Graduada em Licenciatura Plena em Filosofia pela Universidade de Passo
Fundo (2013) e bacharelado em Filosofia - Instituto Superior de Filosofia
Berthier (2010). Especialista em Educação em Direitos Humanos e Educação
para as Relações Étnico-raciais pelo Instituto Superior de Filosofia Berthier
(2012). Mestranda em Educação pela Universidade de Passo Fundo.
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