Caderno de Resumo do III SIICS Caderno de Resumos do III SIICS | Page 376

Página | 376 SÃO LUÍS E AS DICOTOMIAS DO OLHAR DO PODER PÚBLICO PARA A CIDADE Walter Rodrigues Marques (UFMA/UEMA) [email protected] Antonio de Assis Cruz Nunes (orientador - UFMA) [email protected] RESUMO: Um espaço geográfico delimitado, caracterizado por cultura e tradição, juridicamente denominado município, recebe um nome que o caracteriza como tal por características intrínsecas a esse espaço como clima, vegetação, cultura humana (povoamento), práticas político-culturais e econômico-sociais, religiosas, elegendo um centro gravitacional para os quais esses elementos concretos e abstratos (as práticas) convergem. Esse espaço, outrora feudo, vila, caracterizado comercial e administrativamente, é chamado cidade. Nesse espaço, o olhar de seus governantes é dicotômico. O Estado beneficia espaços geográfico- sociais determinados e estratos sociais de forma diferenciada. O campo empírico dessa pesquisa é a Ilha de São Luís (Ilha do Maranhão) que atualmente está dividida em quatro municípios: São Luís, Raposa, Paço do Lumiar e São José de Ribamar. As mazelas em que a Ilha se encontra pode ser presenciada, vista e comprovada ao se trafegar, seja em veículos automotores, bicicleta ou mesmo a pé, pela Avenida dos Africanos e pela Avenida dos Holandeses – a diferença é abissal. Embora a cidade seja livre para se trafegar, existe um marcador social determinado pela classe social que habita esses espaços geográficos. Um exemplo, é o fato da cidade de São Luís apresentar bairros com crateras no meio da rua necessitando de reparo (buracos que já fazem parte da paisagem da cidade) e a Avenida dos Holandeses sendo recapeada - será por quê? Os moradores da Ilha ainda não estão inteiramente imersos no cosmopolitismo em termos de deslocamentos, mas isso vem se alterando de forma acelerada nos últimos anos, agravando o movimento pendular direcionado ao centro comercial – a cidade de São Luís -, pois essa não oferece malha viária que comporte tal deslocamento em termos de estruturas adequadas seja em largura das vias, sinalização, asfalto de qualidade, educação para o trânsito, etc.. As convergências para esses centros vindo de localidades como Cidade Operária, Maiobão, São José de Ribamar, passando pelos bairros Anil, São Cristóvão e Cohab, é visivelmente um problema urbano-social que pode ser percebido por qualquer pessoa que transite pela Ilha de São Luís. No entanto, o poder público direciona projetos faraônicos para a Avenida dos Holandeses construindo um viaduto que tem uma saída para o município de Raposa e outra para o Paço do Lumiar, que nem de longe se assemelha ao fluxo de pessoas que se deslocam pendularmente. No ano corrente (2019) a Avenida dos Holandeses está protagonizando mais uma obra colossal – a construção de um BRT (Bus Rapid Transit ou Transporte Rápido por Ônibus) – que inicia e termina na referida avenida, muito distante dos terminais de integração do transporte coletivo. Seria o BRT a mesma novela do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos)? Objetiva-se discutir as formas como o poder público conduz a mobilidade urbana em São Luís e as consequências disso. A pesquisa se encontra em fase inicial (de discussões conceituais). Palavras-chave: Mobilidade urbana; Movimento pendular; Infraestrutura; Marcador social.