Caderno de Resumo do III SIICS Caderno de Resumos do III SIICS | Page 371

Página | 371 POLÍTICA E SUBJETIVIDADE ÉTICA: A AMIZADE COMO AMOR MUNDI NO MUNDO MODERNO-CONTEMPORÂNEO A PARTIR DE HANNAH ARENDT Lucidalva Pereira Gonçalves70 [email protected] Orientador: Prof. Dr. Almir Ferreira da Silva Júnior [email protected] RESUMO: A amizade representa um fenômeno intersubjetivo que estabelece vínculo entre os sujeitos, sendo suas características principais a convivência, o compartilhamento de ideias e a afeição pela relação intersubjetiva com o outro. Tal significação conduz à ideia de que a amizade nos liga àqueles “iguais” a nós, seja essa igualdade marcada por uma igualdade de valores, crenças ou vínculos parentescos. Mas como seria conceber a amizade como relação intersubjetiva que une as diferenças? Em seu sentido embrionário a amizade vincula-se ao antigo conceito de Philía, conceito grego que além de contemplar as relações marcadas por vínculos sanguíneos também contemplava o tratamento com o “estrangeiro”. De modo diferente a amizade na Idade Moderna se distinguiu por seu apelo à familiaridade, caracterizando a sociedade intimista e o esvaziamento da esfera pública, não havendo espaço para a alteridade. Sendo esse o diagnóstico da Era Moderna apresentado por Hannah Arendt, este trabalho privilegia como fundamentação teórica a filosofia da existência de base fenomenológica da filósofa por conceber a amizade como experiência política e prática intersubjetiva distinta do ideal de igualdade-fraternidade que passou a caracterizar os discursos e experiências da amizade na Idade Moderna. Esta pesquisa está em andamento (representa o projeto de dissertação de mestrado acadêmico em psicologia) e seu objetivo é analisar o fenômeno intersubjetivo da amizade como prática política de ressignificação do espaço público no mundo moderno-contemporâneo e manifestação do Amor Mundi. Para tanto apresenta como objetivos específicos identificar a polissemia do termo amizade, situando-a como relação intersubjetiva que une os iguais e os diferentes; problematizar o processo de despolitização do espaço público na modernidade, evidenciando a fraternidade (Phrater) como manifestação intersubjetiva que une apenas os iguais; analisar a relação entre política e subjetividade considerando a experiência da amizade não como intimidade, mas como prática política (Philía Politique) no espaço da publicidade; e, por fim, articular a relação entre psicologia e política a partir da reflexão da amizade como prática política e ressignificação da esfera pública, em Arendt. Na concepção arendthiana, conforme observado por Wagner (2006, p. 100) “na esfera público-política floresce [...] uma ‘espécie de ‘amizade’’ do tipo da philia politique aristotélica que considera ao mesmo tempo aqueles que estão próximos e o mundo que se interpõe entre cada um e entre todos”. Palavras-chave: Amizade; Intersubjetividade; Política; Hannah Arendt. 70 Possui graduação em Ciências Humanas com habilitação em Filosofia pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), pós-graduação lato sensu em ensino de filosofia e atualmente é mestranda do Programa de Pós- Graduação em Psicologia pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA).