Caderno de Resumo do III SIICS Caderno de Resumos do III SIICS | Page 235

Página | 235 ENTRE O COMEDIANTE E NARCISO: CONSIDERAÇÕES SOBRE A PIEDADE, O SER E O PARECER, A PARTIR DA CARTA A D’ALEMBERT SOBRE OS ESPETÁCULOS Maria do Socorro Gonçalves da Costa – UFBA [email protected] Edilene Pereira Boaes – PROFilo-UFMA [email protected] Orientador: Genildo Ferreira da Silva - PPGFIL/UFBA [email protected]; Orientador: Luciano da Silva Façanha (Co-orientador – PGcult/UFMA) [email protected] RESUMO: A crítica de Jean-Jacques Rousseau aos espetáculos aponta para algo mais sério, que termina por abranger conceitos-chaves de suas obras, como a piedade –, um sentimento natural que se altera como a sociabilidade do homem, sendo o teatro um dos meios para essa alteração; o ser e o parecer –, conceitos complementares e opostos que a cena teatral não parece bem distinguir, criando assim, confusão ao entendimento da platéia. Deste modo, o presente trabalho se propõe expor a correlação entre o comediante a partir da leitura da Carta a D‘Alembert sobre os Espetáculos, obra de Jean-Jacques Rousseau e Narciso, mais especificamente, a crítica de Luiz Roberto Salinas Fortes, sobre o tema do comediante e sobre o simulacro de Narciso, no texto “Teatro e Narcisismo”, em que Salinas Fortes apresenta uma minuciosa análise sobre o personagem da peça Narciso ou o amante de si mesmo, também escrita por Rousseau, e a maneira como o comediante, ator de quem Rousseau emprega parte da Carta a analisar o ofício e o talento do mesmo, enquanto executa seu trabalho na cena teatral, e Narciso, personagem da peça, escrita por Rousseau em sua juventude. Quando Narciso se traveste de um personagem fictício, põe em xeque a piedade, o ser e o parecer. Assim, iremos perceber que tanto o comediante, aquele que atua no palco dando vida a outrem que não ele mesmo, e Narciso, aquele que se traveste de um ser imaginário com vista à vaidade, põem em questão a verdadeira piedade, aquela originária do estado de natureza, que, segundo Rousseau, cada homem a tem, ainda, gravada em seu coração, bem como fica evidente o encanto das pessoas por parecerem o que não são. Ademais, a instalação de um Teatro em Genebra, tornou- se o ponto crucial para estas reflexões de Rousseau e, dentre outros objetivos, alertar para que o parecer (ou o amor-próprio) não fosse ainda mais exaltado através da encenação de peças teatrais: a tragédia e a comédia. Palavras-chave: Rousseau; Comediante; Narciso; Piedade.