Caderno de Resumo do III SIICS Caderno de Resumos do III SIICS | Page 191
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“SEE YOU THERE IN BRAZIL”: A IMAGEM FEMININA NA PUBLICIDADE
TURÍSTICA BRASILEIRA DURANTE A DITADURA MILITAR
Luana Ribeiro Soares 49
Jocy Meneses dos Santos Junior 50
Orientador: Prof. Msc. Diêgo Jorge Lobato Ferreira 51
RESUMO: O objetivo desta pesquisa é analisar as representações de mulheres brasileiras
divulgadas internacionalmente por meio dos materiais publicitários produzidos pela EMBRATUR
no período da ditadura militar. Será realizada a leitura de imagens desse período através da
perspectiva peirceana da Semiótica a fim de compreender de que modo elas contribuíram para a
consolidação de estereótipos no que concerne à percepção do gênero feminino brasileiro no exterior.
É sabido que a ditadura militar teve início a partir de um golpe de estado, ocorrido no ano de 1964,
cujos pilares eram a repressão, a censura e a tortura. Os brasileiros exilados devido a
posicionamentos divergentes aos do regime militar divulgavam no exterior as atrocidades
cometidas no país durante a ditadura, gerando desconforto aos militares e impactando o imaginário
estrangeiro sobre o país. Disso decorreu a necessidade da criação por parte daqueles que estavam
no poder de um órgão que pudesse contrapor as informações que estavam sendo veiculadas sobre o
Brasil no exterior, culminando na criação da EMBRATUR (Instituto Brasileiro de Turismo) pelo
decreto-lei n° 55 de 18 de novembro de 1966, que se estabeleceu como um dos meios de promover
as “maravilhas” do Brasil, explorando a imagem da mulher brasileira ligada ao exótico, ao desejado
“carnaval do Rio de Janeiro” e às “praias deslumbrantes do litoral brasileiro”. Em todas essas
imagens, o corpo feminino é o centro ou parte importante da divulgação e aparece representado em
sua nudez parcial, encoberto por diminutos biquínis que enfatizam nádegas e seios, apresentando
forte apelo sexual. É inegável que as imagens aguçam sentidos e modelam o imaginário. O turista
é “seduzido” pela imagem publicitária de um destino, que estimula o seu desejo de desfrutar após
a compra daquilo que está sendo oferecido. A imagem da mulher brasileira veiculada no exterior
naquele período posicionava as figuras femininas como um dos atrativos disponíveis para serem
usufruídos no país, convidativas e prontas para recepcionar e acompanhar os homens que aqui
chegavam. Essa forma de exibir e oferecer as mulheres brasileiras como uma estratégia para
conquistar turistas, construindo uma imagem de mulher-objeto, infelizmente ainda é notória na
atualidade em discursos como o do atual presidente da República que, em abril de 2019, em meio
a uma controversa fala sobre o turismo LGBT, convidou: “quem quiser vir aqui fazer sexo com
uma mulher, fique à vontade”. Devemos refletir sobre imagens e discursos como esses, uma vez
que eles impulsionam a percepção do Brasil como um território ideal para a prática do turismo
sexual, disseminando a ideia de que no país seria autorizado aos turistas desfrutar, dentre as tantas
maravilhas que o tornam um destino de férias ideal — como suas belas praias, seu reconhecido
futebol e seu animado carnaval —, de mulheres bronzeadas, sensuais e disponíveis cujas
representações servem, implícita ou explicitamente, ao estímulo de desejos dessa ordem.
Palavras-chave: Turismo; Publicidade; Gênero; Semiótica.
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E-mail: [email protected]
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Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA), Campus São Luís:
Centro Histórico. E-mail: [email protected].
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