BrucePT Nº 0 - Dez 2013 | Page 25

lo amor e devoção (...) é algo a que e coração ” BrucePT, a mailing list que nos une nesta comunhão”. “Nesse jantar ficou-me na retina as ideias revolucionárias e esquerdistas da Teresa Soares, provavelmente a pessoa mais inteligente (na verdadeira aceção da palavra…) que conheci até hoje. Depois de uma lavagem cerebral e esquerdista implementada pela mesma Teresa, precisava de ouvir algo desconcertante para deixar de pensar no Che Guevara, e nos massacres provocados pelas tropas norte-americanas aos povos mais desfavorecidos do planeta”. Carlos do Carmo lembra alguns dos momentos vividos nessa noite. “Nada melhor do que ouvir o Lourenço Azevedo a cantar (ou neste caso – a tentar cantar…) alguns sucessos do Boss. Estive uma hora a ouvir o meu amigo a cantarolar enquanto tocava guitarra. Depois disso seguiu-se uma incursão pela noite aveirense, e fomos dormir à casa do Carlos Melo, na sua imortalizada terra natal - Águeda!” Carlos relembra ainda o dia seguinte, a caminho de casa. “Liguei o motor do carro e meti a cassete do álbum The River. Ouvi o álbum todo até chegar em casa. Naquele dia deu-me um tremendo gozo ouvir a música “Hungry Heart”, que o meu amigo Lourenço tinha literalmente “assassinado” no seu recital da noite anterior. Nessa viagem fui novamente metralhado com os discursos politizados, e bem estruturados da Teresa acerca da obsessão pelo poder dos norte-americanos, e os povos olvidados do médio Oriente, mas que ela tinha razão, isso tinha…” É esta comunhão que também encontramos na escrita de Springsteen, na sua relação com a banda, e também na ligação que mantém, desde sempre, com os fãs. Bruce também tem ídolos sobre os quais nunca escondeu a sua admiração, como Leiria, 3.Nov.2013 Comemoração 13º Aniversário em Bob Dylan, a quem afirmou publicamente que foi o irmão que nunca teve, inspirado numa frase do seu tema “Lenny Bruce” do álbum Shot of Love de 1981; em Roy Orbison, que canta para os solitários em “Thunder Road”; e em Elvis Presley, a primeira influência de Springsteen que mudaria para sempre a sua vida. Juntamente com Stevie Van Zandt, haveriam de saltar o muro da casa de Elvis em Graceland no final dos anos 70, mas não o conseguiram ver. Sobre esta história e também a propósito de um concerto de Presley a que assistiu mas onde não tentou o contacto pessoal, Bruce mais tarde confessaria: “It was a funny kind of thing. I never liked, you know, going backstage and stuff. I just feel uncomfortable when that happens – I don’t know why. But if I could have snuck in and saw him, it would have been different – it woulda just been different”. Um encontro em particular é revivido aqui pelo Carlos do Carmo, que se cruzou com Springsteen na sua fase a solo pela Europa. “Recordo-me de certa vez, em Bruxelas, ter falado com ele frente a um hotel, durante a sua digressão The Ghost of Tom Joad [Solo Acoustic Tour], salvo erro em 1996. Lembro-me que não lhe disse coisas agradáveis pois ele tinha abandonado a sua banda de sempre e atirei-lhe isso à cara, mas também lembrome que tinha bebido uns copos a mais, e estava mais para o estado embriagado do que para o estado sóbrio. Na altura não havia Facebook, Hi5, Twitters e outras tretas do género, nem iPhones para poder registar o momento, mas recordo-me que ele respondeu sempre com cordialidade aos meus comentários, pois era o único fã ali frente ao hotel que falava inglês.” Muitos de nós também teremos uma história para contar sobre um encontro, ou pelo menos uma tentativa, com Bruce Springsteen. Para o Lourenço, “… as memórias que guardo da BrucePT... Fotos cheias de sorrisos e muita adrenalina”. São estes momentos que ficam para sempre, tal como as palavras de Carlos Melo, que resumem na perfeição o conceito da BrucePT: “Esta comunidade, cimentada pelo amor e devoção comuns à música de Springsteen, alicerçada pelos valores, sentimentos e histórias que nos transmite e com as quais nos identificamos, é algo a que pertenceremos sempre, de alma e coração. Podemos participar mais ou menos, concordar ou não com o que é lá partilhado, mas este sentimento de pertença e de comunhão é permanente pois ‘nobody wins unless everybody wins’!”  NMA Edição nº0 - Dez.2013 | BrucePT | 25