Boletim Kappa Crucis KAPPA01 -Primavera-2017 | Page 33

Boletim Astronomico KAPPA CRUCIS ­ No. 1 ­ Primavera 2017 Imagens de Plutão Observatório Percival Lowell de Flagstaff, no Arizona. Lá estava Plutão como um pequeno borrão na foto, mudando sutilmente de posição entre as estrelas fixas. Foi para esse distante mundo gelado que a sonda New Horizons se aventurou. E a medição exata do diâmetro de Plutão, que ainda gerava dúvidas, foi feita pela New Horizons. E ela realizou a medição, além de algumas fotos, horas antes de desligar os instrumentos de contato com a Terra. Nesse momento, ela também calculou com precisão a densidade de Plutão, valor que também se tinha dúvidas. E Plutão é de fato maior do que se supunha. Calculava­se seu diâmetro com cerca de dois quilômetros a menos! Um erro digamos bastante compreensível e perdoável... Há alguns anos sugeriu­se que Plutão, embora um dos maiores objetos transnetunianos no Cinturão de Kuiper, um disco localizado além da órbita de Netuno, entre 30 e 50 UA do Sol e formado por muitos objetos, não era o maior. Se suspeitava que o então “planeta plutoide” ou “transnetuniano”, Eris, descoberto em 25 de julho de 2005, há doze anos, e chamado por algum tempo de Xena, e que era mais brilhante que Plutão em alguns momentos, fosse maior. O que levou muitos a questionarem a classificação de Plutão como planeta. Estudos posteriores mostraram que Eris não era maior, mas um pouco menor e que tinha um satélite natural, Disnomia. Hoje, classificado como planeta anão, estima­se que Eris tenha cerca de 2.238 km de diâmetro e, portanto, menor que Plutão. Assim, podemos dizer que Plutão é o maior corpo dessa distante e remota região do Sistema Solar. Aliás, Eris, nome da deusa grega da discórdia, tem muito a ver com a nova classificação de Plutão de planeta para “planeta anão”. O nome Eris foi escolhido inclusive para refletir a discórdia gerada nesse processo, e até hoje ele é chamado também de “planeta plutoide”, o que reflete a importância histórica de Plutão . A descoberta de Eris levou a toda uma discussão sobre planetas e de como conceituá­ los. Pois quando se descobriu mais sobre o Cinturão de Kuiper e sobre Eris, imaginou­se que existissem muitos Plutões e corpos maiores que ele, como se acreditou que Eris fosse. Assim, uma das pautas da assembleia ou ­ 29 ­ encontro da UAI (União Astronômica Internacional), realizado em 2006 em Praga na República Tcheca, era definir um novo conceito para planetas. E num dos critérios definidos pelos astrônomos no encontro, o de ser “dono de sua órbita” ou de “varrer sua órbita”, sem interferência direta de outros corpos, Plutão não se encaixava, até por estar em meio a muitos outros objetos similares a ele na mesma região. O fato é que esse critério é um tanto quanto frágil. Enfim... Assim, Plutão foi reclassificado, passando a ser um planeta anão e não mais um planeta. Hoje existem cinco planetas anões. Além de Plutão, Ceres no Cinturão de Asteroides entre Marte e Júpiter e, Haumea, Makemake e Eris, nessa ordem de distância do Sol e todos objetos além de Plutão e localizados no Cinturão de Kuiper, são, como Plutão, planetas anões. Mas essa redefinição é bastante ambígua para muitos astrônomos, para quem Plu tão continua sendo um planeta, não só pela tradição histórica na Astronomia do século XX, mas também por possuir atmosfera e estações do ano e uma órbita não tão estranha assim. Esse processo