Boletim Informativo OAB Lapa Edição 13 - Janeiro 2017 | Page 4

Setembro / 2016 Boletim Informativo Página 4 Ano 1 - Edição 9 2ADV: Como a inteligência artificial e novos modelos disruptivos vão transformar a advocacia e o peticionamento eletrônico O Processo de peticionamento eletrônico se tornou realidade no Brasil a pouco tempo. Milhões de advogados lançados na era digital e da eliminação do processo em papel. Passado algum tempo do pico da transição, do processo físico para o digital (embora para muitos este pico não tenha passado), inúmeros problemas dificultam a rotina do advogado, quando o assunto é peticionamento eletrônico. Advogar na era digital se tornou um desafio informático. Lamentavelmente, dezenas de sistemas de peticionamento eletrônico funcionam nas mais diversas unidades jurisdicionais do País, sendo os mais comuns o PJ-e, e-SAJ, e Projudi. Estima-se que mais de quarenta sistemas distintos estejam em operação nos Tribunais Brasileiros. Cada sistema com suas características, pré- requisitos, formas de acesso, configurações, tamanho máximo de arquivos e outros detalhes próprios. Tal heterogeneidade torna inviável qualquer esforço de qualquer banca em dominar por completo o peticionamento eletrônico. O peticionamento, para uma banca que lida com Justiças distintas, como a cível, federal e trabalhista demanda atualização e conhecimento do modus operandi de cada um dos sistemas, o que é demorado e custoso. Não bastasse, para o peticionamento eletrônico hoje o advogado tem custos desumanos com hardware, software, assistência em informática, leitoras, tokens, banda larga, dentre outros. O mais grave, ter que comprar necessariamente um certificado modelo A3, mais caro que o A1, e que justamente por ser embutido em um dispositivo físico, impede a mobilidade e o uso compartilhado do mesmo, além da dificuldade de instalação dos dispositivos. Muitas entidades aliás, são enfáticas em dizer de modo temerário que o modelo A1 “não é compatível” ou não funciona com o Processo Eletrônico, talvez para manterem o modelo de negócios estabelecido. Antes fossem somente estes os problemas. Mas outros existem. Com o processo eletrônico, o advogado teve de se tornar um técnico em informática. Conhecer sobre java, navegadores, plug-ins, erros, atualizações de sistema operacional, dentre outros. Teve também de tornar seu computador inseguro, muitas vezes desatualizando seus sistemas, java, navegadores, para que pudessem funcionar. Teve de se tornar especialista em ferramentas para quebrar, compactar, unir, comprimir e separar arquivos no padrão exigido pelos Tribunais, que como visto, varia em todo o Brasil. Poderíamos permanecer horas narrando os problemas enfrentados no peticionamento atual, o que implica em perda absurda de tempo, desorganização, descontrole e muito estresse. Os esforços em se construir uma interface única de peticionamento pelos órgãos judiciais (ou uma unificação), ao que parece, longe estão de ser uma realidade acessível e adaptável a todos os advogados. Poucas são as iniciativas de uso da inteligência artificial e jurimetria na área jurídica e as existentes, absolutamente inacessíveis a médias e pequenas bancas, disponíveis apenas a grandes escritórios e departamentos jurídicos. Ademais, com o processo eletrônico, muitas bancas perderam o controle sobre seus arquivos, considerando ser praticamente inviável ter uma cópia fiel e atualizada, diariamente, de todos os processos eletrônicos sob o patrocínio do escritório. Diante de indisponibilidades, muitas vezes, sequer tem acesso aos autos para suas manifestações. Além disso, muitos sistemas dos Tribunais sequer tiveram a cautela de explicar os erros em peticionamento, o que fez com que advogados tivessem que realizar várias formatações de arquivos, em tentativa e erro, até que suas petições “passassem”. (continua na página 5)