Lançamento
27ª edição da Revista
Internacional em Língua
Portuguesa
O
mar representa 70% da superfície terrestre. É um
recurso hídrico, uma fonte de energia renovável e
de biodiversidade marinha, com particularidades
geográficas únicas que tornam o mar um tema relevante,
complexo e com múltiplos focos de abordagem.
Sendo o mar um elemento comum a todos os países
de língua oficial portuguesa e Macau, a AULP reúne nesta
edição artigos que permitem conhecer as várias perspetivas sobre o mar que tem um papel fundamental para a
difusão da língua portuguesa.
De Angola, o contributo de Carmen Van-Dúnem Santos do departamento de Biologia da Faculdade de Ciências da Universidade Agostinho Neto, versa sobre a linha
costeira de Angola, caracterizada por grandes extensões
de praias arenosas, interrompidas por praias rochosas e/
ou falésias, baías e lagunas, que aliadas às condições climáticas é relevante para a estratégia política e económica
do país e dos objetivos de desenvolvimento sustentável
no contexto nacional, regional e internacional.
Eduardo Juan Soriano-Sierra, coordenador do Grupo de Pesquisa do Núcleo de Estudos do Mar - NEMAR
da Universidade Federal de Santa Catarina, realiza um
estudo sobre as pequenas ilhas do arquipélago de Santa
Catarina, Brasil, tanto em localização, como dimensão,
uso, ocupação e existência de património arqueológico e
histórico.
De Cabo Verde, os investigadores Evandro Lopes, Rui
Freitas e Osvaldina Silva debruçaram-se sobre os corais
em Cabo Verde. Um património a proteger e mostram que
devido a condições oceanológicas, o arquipélago de Cabo
Verde não possui verdadeiros recifes mas sim comunidades coralinas, em enseadas e baías abrigadas. Estes locais
têm sustentado a produtividade piscívora no litoral do arquipélago e apresentam um elevado índice de diversidade
biológica, sendo possível listar as espécies mais representativas.
As paisagens, pescas e pescadores no litoral da Guiné-Bissau, escrito por Raul Mendes Fernandes, investigador
do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa - INEP, em
Bissau, desde 1986, analisa a colonialidade presente nas
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novas relações de poder na pesca. Este artigo alerta para
o facto de a divisão das fronteiras marinhas e a industrialização da pesca aumentarem de forma exponencial a exploração dos ecossistemas marinhos, colocando em risco
a sobrevivência das pessoas.
Jorge Rangel, presidente do Instituto Internacional de
Macau desde 1999, presta uma homenagem à Marinha
Portuguesa. O seu artigo sobre os “navios e marinheiros
da Armada Portuguesa em Macau no séc. XX”, recorda o
apoio dado às populações, em funções técnicas, didáticas
e humanitárias, até ao desempenho de elevados cargos
políticos.
Do norte de Moçambique, considerada a segunda região do planeta com maior diversidade de recifes, contamos com o contributo da Universidade Lúrio. Isabel
Marques da Silva trata a biodiversidade marinha no contexto da exploração do gás natural, artigo que alerta para
o recente crescimento económico da província de Cabo
Delgado, em virtude da descoberta de gás natural, que impõe novos desafios para a biodiversidade destes habitats.
Remando ao arquipélago dos Açores, Portugal, Maria
Inês Gameiro, investigadora do ISCTE-IUL, reflete sobre
as tensões que se desenham em torno do património comum da humanidade e das plataformas continentais, da
difusa fronteira entre investigação científica e bioprospecção comercial e do papel da proteção ambiental.
De São Tomé e Príncipe, a investigação da engenheira
sanitarista e ambiental, Dudene Vaz Lima, escreve sobre
a comunidade marítima de São Tomé e Príncipe e o tratamento domiciliar da água, realçando os problemas no
saneamento básico que contribuem para uma água contaminada, avaliando ainda o conhecimento da população
face aos problemas que podem advir da contaminação
dos recursos hídricos.
Por último, Francisco Pereira Coutinho contribui para
esta edição com um artigo que mostra como o intricado enquadramento convencional que regula a plataforma
continental do mar de Timor, que é reconhecidamente rica
em petróleo, é o resultado de uma combinação complexa
de fatores económicos, históricos, jurídicos e políticos.