Parcerias em Instituições de Ensino
Superior Africanas
O
progresso do Ensino Superior depende, em larga medida, do facto de este não permanecer fechado sobre
si mesmo, mas de ter a capacidade de se abrir ao exterior e às oportunidades que existem fora dele. Assim, as
parcerias e protocolos de cooperação que podem ser estabelecidas entre Instituições de Ensino Superior, ou destas com
empresas ou com centros de investigação, assumem-se como
uma forma importante de as academias tirarem partido dos
métodos e conhecimentos conjuntos.
No seio das Instituições de Ensino Superior membros da
AULP, esse esforço de cooperação e intercâmbio de competências é evidente. Neste sentido, procurámos saber, relativamente a algumas dessas instituições - neste caso, focámonos nas instituições dos países africanos de língua portuguesa
-, quais as parcerias que estas desenvolvem e quais os seus
benefícios para a instituição e comunidade académica, bem
como quais as dificuldades encontradas no estabelecimento
desses protocolos.
Em resposta à AULP, a Universidade Técnica de Angola
(UTANGA) afirma ter diversas parcerias com instituições
nacionais e internacionais, desenvolvidas no âmbito do seu
Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI). Dessas parcerias destacam-se os acordos de cooperação com a Universidade de Lisboa, a Universidade de São Paulo, a Universidade
da Bahia e o Centro Universitário de Maringá. No caso da
Universidade de Lisboa, esses acordos permitiram à UTANGA enviar 36 alunos de mestrado de várias áreas científicas
para faculdades como o Instituto Superior de Economia e
Gestão (ISEG) e o Instituto Superior Técnico (IST).
No entender do Reitor da Universidade Técnica de Angola, o Professor Doutor Victorino Reis, esta cooperação traz
vários benefícios, não só para a sua instituição, mas para todas
as envolvidas. Esses benefícios surgem ao nível da promoção
do intercâmbio de estudantes de graduação e pós-graduação,
da promoção de estágios de docentes, funcionários e investigadores, da colaboração na definição e desenvolvimento
dos planos curriculares, da supervisão conjunta de teses de
mestrado e doutoramento, do apoio à criação e gestão de
laboratórios direcionados ao ensino e investigação, e ainda
da promoção de iniciativas de investigação conjuntas e conferências científicas.
De acordo com o Professor Doutor Victorino Reis, «de
um modo geral, não tem havido dificuldades no estabelecimento dessas parcerias», uma vez que a independência do
país e a consequente proliferação de universidades aumenta24
ram o esforço de internacionalização destas instituições. Daí
que «as dificuldades não ocorram no estabelecimento das
parcerias mas sim na sua execução». Para Victorino Reis,
existem, por vezes, alguns problemas administrativos na
concessão de vistos de entrada nos respetivos países, o que
constitui uma barreira na mobilidade de docentes, discentes
e investigadores. Além disso, existem algumas dificuldades
na conceção de programas conjuntos que contribuam para a
consolidação dos protocolos de cooperação.
Por sua vez, a Universidade Politécnica de Moçambique,
e segundo a Professora Doutora Rosania da Silva, «definiu
como objetivo estratégico afirmar-se como um centro de
referência ao nível da pesquisa científica e tecnológica, com
base nos pilares fundamentais da formação, investigação
e extensão universitária». Neste contexto, a Universidade
Politécnica de Moçambique possui uma grande diversidade
de acordos de cooperação, entre elas com a Universidade de
Évora, a Universidade Federal do Espírito Santo e o Instituto
Politécnico de Macau. Ao nível da atribuição de bolsas de
estudos e estágios, a instituição tem, igualmente, um grande
leque de parcerias, como, por exemplo, com a Assembleia
da República de Moçambique e vários Ministérios, com o
Banco Santander Totta e com a Administração Nacional de
Estradas.
À luz da perspetiva da Professora Doutora Rosania da
Silva, os protocolos de cooperação com outras Instituições
de Ensino Superior assumem especial importância no caso
da Universidade Politécnica de Moçambique: «a opção
pelo sistema bilateral entre universidades foi o modelo que
melhor se adequou à sua realidade, devido ao facto de, por
ser uma instituição privada, por vezes não poder entrar no
circuito das relações multilaterais entre governos e pelas
dificuldades da conjuntura de relações universitárias entre
os países, ficando por vezes as universidades provadas à
margem deste benefício». Desta forma, e para ultrapassar
este entrave, a UPM sempre procurou desenvolver acordos
de cooperação com universidades de língua portuguesa mas,
igualmente, com instituições do espaço africano, europeu,
latino-americano e asiático.
De acordo com a Professora Doutora Rosania da Silva,
a existência destas parcerias permitiu que a UPM, uma instituição formada apenas no ano de 2007, se desenvolvesse
e ultrapassasse obstáculos que teria mais dificuldade em enfrentar sozinha no seu processo de crescimento.