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HIPERATIVIDADE:
UMA REALIDADE
Por: Ricardo Rodrigues
No início da época escolar, temos conhecimento de que determinadas crianças se encontram
medicadas para a hiperatividade. Enquanto
Farmacêutico Comunitário, noto uma maior
procura de medicamentos para este efeito
entre os meses de setembro e de novembro.
Existem cada vez mais pais à procura deste tipo
de medicação para os seus filhos, é uma preocupação constante e motivo de procura de algum
tipo de apoio emocional quanto ao comportamento dos mesmos na escola, isto é, se a medicação
irá resultar e fazer com que os seus filhos fiquem mais atentos e bem comportados nas aulas.
Mas, afinal, o que é a
hiperatividade?
dade) e Cerebelo (controlo motor, ou seja, tudo
o que está relacionado com os movimentos do
corpo humano). Para além destes, na hiperatividade também se verifica uma menor circulação sanguínea no cérebro e uma má gestão
da glucose, que é o principal combustível do
cérebro. Tudo isto combinado leva a que haja
uma má circulação entre neurónios, má comunicação e falta de sincronização entre as várias
partes do cérebro.
A hiperatividade não é falta de concentração
por falta de empenho ou comportamento
indisciplinado resultante da educação dada
pelos pais. Muito pelo contrário, se os pais de
crianças sem hiperatividade se empenhassem
da mesma forma que os pais de crianças hiperativas na educação dos seus filhos, todos eles
seriam uns génios, plenos de boa educação e
extremamente organizados.
Educar ou viver com alguém com hiperatividade é um desafio enorme e os familiares,
amigos e colegas de pessoas com este transtorno deveriam receber o devido mérito. Para
teres noção das limitações desta patologia,
pedir a uma pessoa hiperativa para se concentrar e organizar é a mesma coisa que pedir a
uma pessoa com miopia para se esforçar mais
e tentar ler sem os óculos ou pedir a um coxo
para correr mais depressa.
Existem alguns tipos de hiperatividade, sendo
os mais relevantes:
Predominantemente Desatento – dificuldade
em prestar atenção e manter a concentração,
por períodos de tempo, a assuntos que são
pouco interessantes para a pessoa;
Predominantemente Hiperativo e Impulsivo –
dificuldade em se manter sossegado no mesmo
local quando a tarefa ou conversa não é interessante para a pessoa. Outro aspeto é a dificuldade em parar para pensar/analisar as consequências da ação que está prestes a iniciar;
Combinado Desatento e Hiperativo – forma
mais comum. A pessoa é desatenta, hiperativa
e impulsiva.
A hiperatividade é uma condição física que
se carateriza pelo subdesenvolvimento e mau
funcionamento de certas partes do cérebro,
nomeadamente: Lobos Frontais (atenção, tomada de decisões, planeamento, organização,
resolução de problemas, consciência e controlo
de emoções); Corpo Caloso (canal de comunicação entre os hemisférios esquerdo e direito
cérebro); Gânglios da Base (movimento, controlo dos músculos, aprendizagem e coordenação, para além de desempenharem um papel
muito importante no controlo da impulsivi-
b
A hiperatividade é atualmente a “desordem
mental” mais diagnosticada em crianças, estimando-se que 7 a 8% de todas as crianças sejam hiperativas, num total de 100 mil crianças
em Portugal. As estatísticas indicam que cerca
de 40% das crianças diagnosticadas deixam
de ter sintomas durante a adolescência, o que
significa que os outros 60% vão continuar a ter
os sintomas da hiperatividade durante a vida
adulta. A maior parte dos adultos hiperativos
não sabem que a têm porque sempre se pensou que a hiperatividade desaparecia durante
a adolescência mas continuam a enfrentar os
desafios diariamente. Em muitos casos, não é
muito evidente porque a pessoa desenvolveu
estratégias para lidar com a doença e minimizar as consequências dos sintomas.
Quais os sintomas da
hiperatividade?
O principal sintoma é quando uma criança ou
adulto não está a conseguir ou não consegue
aproveitar todo o seu potencial. Estes são, na
maior parte das vezes, pessoas com inteligência acima da média, carismáticos, cheios de energia, divertidos e criativos. Mas, infelizmente,
não conseguem gerir todas estas caraterísticas
para benefício próprio e das pessoas que os
rodeiam.
Outros sintomas são: dificuldade em terminar
tarefas ou projetos; facilidade em distrair-se;
dificuldade em concentrar-se; problemas de
organização e indisciplina; superconcentração
quando a informação e/ou tarefa é interes-
sante ou estimulant N