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Diagnóstico
O diagnóstico da acne é eminentemente clínico. Dentre os diagnósticos diferenciais podemos citar a rosácea, a dematite perioral, a foliculite e a pseudofoliculite da barba e as erupções acneiformes. Estas últimas, muitas vezes são descritas como um subtipo de acne, mas representam, na verdade, uma afecção de fisiopatogenia distinta. Suas lesões não se iniciam com a hiperqueratose infundibular, mas sim de uma inflamação do folículo. Além disso, o quadro clínico é monomorfo, de evolução aguda ou subaguda e pode acometer áreas como braços, coxas e glúteos, além da face e do tronco.
Casos de acne associada a manifestações de hiperandrogenismo devem ser submetidos a avaliação hormonal. Em crianças, os sinais de hiperandrogenismo incluem sudorese com odor forte, presença de pelos pubianos e axilares, idade óssea avançada e hipertrofia do clitóris. Mulheres que apresentem quadro acneico de início tardio ou de difícil tratamento, associado a ciclos menstruais irregulares, alopecia, hirsutismo, infertilidade, obesidade e sinais de resistência insulínica (por exemplo, acantose nigricante), também devem ser estudadas do ponto de vista endócrino, sendo frequente a associação com a síndrome dos ovários policísticos. O hiperandrogenismo destes casos, como causa da acne, deve ser investigado, pois implica em mudanças na abordagem terapêutica. Não há consenso sobre quais exames laboratoriais devem ser solicitados. A Academia Americana de Dermatologia considera que as dosagens de testosterona livre, sulfato de de-hidroepiandrosterona, hormônio luteinizante (LH) e hormônio folículo-estimulante (FSH) seriam as de maior valia. Outros autores defendem ainda a dosagem de androstenediona, 17 OH progesterona, globulina ligadora de hormônios sexuais (SHBG) e de di-hidrotestosterona (DHT) , além da investigação ultrassonográfica de possíveis cistos ovarianos. Todos os casos suspeitos ou confirmados devem ter acompanhamento ginecológico e/ou endocrinológico.
Por Jéssica Pinto