Bibliotecando nas Bibliotecas Comunitárias Único | Page 35

Como viajantes destemidos de enredos tantos, acomodávamos às malas tudo o que de mais profundo o folhear das páginas anunciava, sorvendo a um só gole o rio de ideias que nossos poetas escondiam sob o peso de uma capa.

Ocupou-se de preencher os espaços das minhas estantes e, tão logo iniciou sua missão, estabeleci meu ritual. Primeiro a bem-vinda cacofonia de embrulhos caindo aos pés, despindo os livros de todos os adornos, numa nudez repentina. Sucedia um momento de estranheza, como se jamais houvesse registrado o toque de qualquer obra contra a pele: Textura, cheiro, medidas... Nada escapava ao contato. Delicadamente permitia que as emoções atravessassem meu corpo, tomada por uma devida e autêntica felicidade. E a tudo seus olhos eram atentos. Registravam meu agrado e encontravam nele sua própria alegria. Deu-me mundos e amigos, mas, sobretudo, memórias.

33