estar absorvendo o amontoado de letras que acabara de devorar, fitou-me com aquele par de olhos azuis travessos.
Do desenho que fez do livro, cujo título não recordo, cravaram-se em minha memória os gestos apaixonados ao listar todos os encantos presentes naquelas páginas. Suspeito que organizava, antes, um esboço do que desejava externar, sobretudo pela fluidez com que comunicava sua opinião e voava de um ponto a outro numa melodia própria, suave.
Ou, a julgar pela excelência nos detalhes, como se o cenário se materializasse diante de mim e os personagens fossem quase palpáveis, tangíveis a um esticar de braços, cogitava que isso nada mais revelava do que a candura com que se deixava enlaçar por grandes nomes da literatura: Cada frase ecoava dentro de ti, num rebuliço profundo.
E a partir dessa primeira conversa sobre livros, tecemos nossa própria história. Fizemos daquele cômodo o sustentáculo de uma nova tradição. Éramos leitores e personagens a um só tempo, visitantes peculiares de terras, épocas e costumes então atípicos para ambos.
atípicos para ambos.