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A ESCOLHA Para Sebastião, ou “Tião do seu Neco” era chegada a hora, sua espera chegara ao fim, não podia esperar que os seus sonhos fenecessem. Com o agravamento da situação e o alastramento da calamidade, sentiu a necessidade premente de resolver, de uma vez por todas, a sua vida. Sem pensar em mais nada, Tião juntou seus trapos, preparou seu farnel, despediu-se da família com uma promessa, - um dia eu trago o conforto pra vocês – e botou o pé na estrada sem olhar para trás, seguiu em frente, deixando seu torrão natal. Com os olhos aguados por lágrimas de tristeza, chorou seu pranto em silêncio, segui silente de olhos presos ao chão que sempre o viu caminhar. Aquela jornada de encontro ao pau-de-arara, que o levaria, tornou-se maçante e longa, talvez a mais longa de sua vida. pois sabia está deixando para trás a sua história, a convivência com seus amigos, os flertes com Mariazinha, o aconchego dos seus, que mesmo na simplicidade o completava. A cada passo que empreendia, nascia a vontade de refazê-lo ao inverso, pois assim, o traria de volta. Mas a decisão fora tomada, nada o faria voltar atrás, ele ia mesmo para São Paulo. Ao longe, ele avistava o caminhão já preparado para a insólita viagem. Sem muita disposição, aproxima-se lentamente para tomar lugar naquele improvisado transporte. Na carroceria do mesmo, um sujeito fona, recepcionava os passageiros, ali era feito a cobrança, um dinheiro minguado contatado moeda a moeda, a cada embarcado, ele debulhava uma preleção desconexa e pretensiosa, rica em deveres e pobre de direitos. Com uma rabiçaca 1 , jogava seus longos e desaromados cabelos para trás, evidenciando sua indiferença no trato com seus comandados. Tião, subiu numa pequena e improvisada escada, feita de corda e toras de marmeleiro encasacado. Finda a sua 1 Rabiçaca – movimento brusco jogando os cabelos para trás.